quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Intermezzo Noturno

Publicado originalmente no blog Cotidianidades em um dia
perdido de agosto de 2007. Há muito mudei de endereço,
real e virtualmente. Mas a cidade, essa continua a mesma.

Seus fantasmas, infelizmente, também.



Era noite alta e eu ainda estava ali, sentada diante do computador, fitando pateticamente o documento em branco no qual eu havia escrito e deletado, incontáveis vezes, dezenas de inutilidades literárias. Depois de ouvir o repertório inteiro da Janis, eu já praticamente mergulhava, de cabeça, no desespero de um escritor que simplesmente não sabe o que escrever... Meu vazio mental, invariavelmente, me leva no mesmo rumo: uma xícara transbordante e quente de café. Diante desse pensamento convidativo e da minha momentânea incompetência criativa, me espreguicei languidamente como um felino e tomei o rumo da copa – já que a cabeça se recusava a funcionar, o paladar, ao menos, sairia no lucro.

Eu disse sair no lucro? Engano: para minha surpresa e indignação, não havia sequer um mísero pote de capuccino vagando pelo meu reino. Lembrei-me da loja de conveniência anexa ao posto de gasolina localizado em frente ao prédio onde moro; paciência, era sair no meio da madrugada para satisfazer minha vontade sobrenatural – afinal, não há empecilhos para deter um dileto e fervoroso apreciador de cafeína. Enfie-me na minha batida calça de moletom, tão cinza quanto o céu de uma cidade grande na hora do rush, arrumei os cabelos em um coque preguiçoso, enfiei uns trocados no bolso – o suficiente para comprar o que desejava, pois não pretendia ser chamariz para os gatunos notívagos – e parti em busca do meu tesouro. O frio da noite entorpecia meu corpo e aquecia ainda mais a vontade de uma bebida fumegante; apressei os passos e, quando já tocava a porta de vidro da loja, ouvi aquela voz.

- Dá uma moeda, tia.

Virei-me em câmera lenta; era um menino. A sujeira e o corpo mirrado tornavam impossível precisar a idade; porém, havia um quê de ladino nos olhos, alguma coisa sugerindo que eu não me deixasse enganar pelo aspecto frágil... ignorar seria a melhor opção – além do mais, eu só tinha dinheiro para o café. Fiz menção de entrar na loja. Ele foi rápido.

- Só uma moeda tia. Pra comer. Faz dois dias que eu não como nada.

Ele talvez não soubesse, mas havia acabado de enfiar o dedo na minha ferida de boa menina cristã. Minha mãe costumava dizer que não se deve negar comida pra ninguém... E, se ele realmente estava faminto como parecia, eu iria para o inferno de primeira classe e sem escalas caso negasse aquela bendita – ou maldita – moeda. Bosta.

- Escute: isso é fome mesmo ou você vai torrar a moeda comprando cigarro?

Ele me olhou quase com uma auréola de santidade.

- Eu juro, tia. Não quero cigarro, não. Faz dois dias que não como nem um sanduba. Minha barriga tá roncando, pega aqui, ó.

- Tá, tá. Não precisa exagerar. Mas se estiver com fome, mesmo, compro um lanche pra você – e eu confesso que esperava como réplica uma enxurrada de palavrões e xingamentos. Vi em seu rosto que não era exatamente o que ele pretendia, mas era a minha vez de dar o xeque-mate.

- É pegar ou largar.

Ele aquiesceu, por fim.

- Tá bom, tia...

- Então vamos ali no boteco do Careca. E pode parar com esse negócio de tia.

Ele me acompanhou com muita naturalidade; eu é que não me sentia nem um pouco à vontade com aquele acompanhante inusitado. “Se esse garoto estiver noiado, é capaz de me matar”. Pedi que o Careca lhe trouxesse um sanduíche de mortadela, mas o menino me interrompeu a frase na metade, “não tem arroz com feijão?” – e a ansiedade era gritante nos olhos dele. O dono do boteco sorriu, sem dizer nada, e se retirou como uma sombra, retornando, dentro de alguns minutos, com um prato considerável onde, quentinhos, arroz, feijão, bife e batata frita aguardavam serenamente o momento de serem devorados por aquela boquinha faminta.

- Sobrou um pouco do jantar, esquentei no microondas.

O dono do bar havia realmente se superado.

Se aquele garoto queria dinheiro para comprar cigarros, isso eu não soube e talvez não saiba nunca. O fato é que ele se atirou à refeição, a princípio um tanto constrangido, depois com um ímpeto que eu sequer havia imaginado. Enquanto o observava, senti um certo remorso pela comida que havia deixado sobre a mesa naquele mesmo dia, apenas por uma indisposição blasé. Não sei se percebeu ou se era simples vontade de puxar conversa; entre uma garfada e outra, ele, finalmente, voltou a usar a boca para falar.

- Qual o seu nome?

Apenas olhei. Inexplicavelmente eu não conseguia dizer nada.

- Não posso te chamar de tia, não é?

- Chame como quiser – e, nesse ponto, me surpreendi com o sorriso que começava a nascer nos meus lábios.

-Tá bom. Vou chamar você de Maria.

- Ok, Maria está ótimo. E o seu?

- Na rua me chamam de Robinho. Por causa do jogador, sabe. Quero ser jogador também – e ele dizia isso com um orgulho solene.

A conversa prosseguiu nesse ritmo. Não sabia o nome, nem a idade, nem quem eram os pais... Uma história comum, como a de tantos moleques que vivem como fantasmas pelas ruas da cidade. Mas, naquele momento, um daqueles fantasmas estava à minha frente materializado em um metro e meio de sujeira, penúria e cheiro de cola e abandono, devorando um prato de arroz, feijão, bife e batata frita que havia sido pago com os trocados do meu café. A refeição finalmente terminou; ele agradeceu, se despediu com um sorriso feliz e desapareceu na madrugada fria, tão silenciosamente quanto havia surgido. Ainda fiquei ali parada por alguns segundos; então respirei fundo, enfiei a mão nos bolsos agora vazios e voltei para meu apartamento.

O desejo de um café havia sumido. O de escrever, idem. A cabeça não estava mais vazia, contudo passara a acumular mais pensamentos do que eu poderia organizar. Nessa noite fui para cama me sentindo um pouco como aquele garoto de pele suja e idade indefinida, para quem a fome física era apenas mais uma entre tantas outras. Talvez não nos encontremos mais; porém, acredito que não nos esqueceremos um do outro, talvez até nos reconheçamos em alguma esquina dessa metrópole de fantasmas. E talvez eu até o convide para tomar um café comigo.


50 comentários:

Taynar disse...

Nossa...!
Quem ficou sem palavras fui eu!

A gente acaba ficando amortizado por essas coisas do dia-a-dia, que nunca se dá conta que as coisas não deveriam ser assim. Que isso NÃO é normal, que isso NÃO deveria deixar de chocar. Mas é o que acontece. A gente se tranca numa bolha e vai levando essa vida onde nem tudo é perfeito, mas podemos nos dar o luxo de deixar um prato em cima da mesa, de deixar o chuveiro ligado, de jogar fora aquela roupa que não tá velha, mas não queremos mais.
O ser humano, infelizmente, é um bicho egoísta e acomodado.
Vivemos tanto na jaula, que a gente esqueceu de como se usa as garras, do que é lutar pra viver, e não somente sobreviver.
O ruim é acreditar que isso não vai mudar, o ruim é achar que isso não vai passar.
O ruim é deixar de sonhar.

Beijos, moça!!!

Anônimo disse...

Boa noite, Flávia.
Vim agradecer os parabéns deixados lá no blog da Jana, e dizer que eu também sou nova por essas bandas. Fazem poucos dias que comecei a interagir.
Lindíssima essa história verídica do prato de comida ao invés de um cafezinho.
Admiro tua coragem em sair aquela hora, para comprar café...
Mas alguém sempre está por perto, cuidando, e achou interessante juntar voces dois, naquele momento.
Benditas moedinhas, que trocadas, encheram a barriga daquela criança.
E você acabou protagonista de um fato muito bonito, o qual certamente tu guardas com muito carinho, em um lugar especial do teu coração.
Aparecerei outras vezes.
Um beijo carinhoso

Thiago Gagante disse...

lembra aquele que eu queria copiar??? Manda pro thiago@ginart.art.br????

Deus te pague!

: )

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

olá.

um belo texto, gostei do seu conto, veja como são as coisas, os anjinhos lá em cima te moveram a essa situação, que coisa heimmm, mas enfim, Deus nos vem de algumas maneiras que nem sempre entendemos, mas vem.


abraço, sorte e luz.

Ruberto Palazo disse...

Uauuu......
Li num folego só, a história é linda, daquelas que arranca suspiros unicos no final e percebemos que é preciso tão pouco para nos surpreender, não é hermana?

Beijos

Anônimo disse...

Oi, Flá

Estava com a Senhora dona Bruxa no msn e ela me passou seu blog. Os parabéns antecipados foram meus.
Gostei muito do texto, uma escrita gostosa de ler, fluente, bem feita. Sempre bato palmas para textos bem escritos, eles aumentam literalmente o prazer de ler. E nesse caso, uma história também bonita. Pena que muita gente ainda pense que ajudar aos outros é uma atitude de outro mundo, que requer um esforço enorme para se praticar. Acho que deveria ser o natural da vida, pena que não é assim que costumeiramente se faz ... Quem sabe um dia os olhos se abrirão? Prazer em conhecê-la.

Chantinon disse...

Tenho a mania estranha de associar tudo a música. E li seu maravilhoso texto escutando "Accept Things" da Dolores O'riodan, e achei incrivelmente sincronizado com o tema.
Olha se não é:
http://letras.terra.com.br/dolores-oriordan/946490/

Bjs!

OAlbergueiro disse...

Bela escrita...retrato um tanto drámatico de um Brasil real...chato as vezes...triste ...mas real...infelizmente...
beijo pra ti.

Val e Arte na Veia disse...

Olá, é um prazer navegar em seu blog.

Tem um texto meu no

http://o-arrotoooo.blogspot.com

Beijo.

Flávia disse...

TAYNAR,

E a inércia social que se apodera da gente enquanto estamos dentro dessa bolha é das mais perigosas - pq ficamos realmente cegos para o que acontece do lado de fora. Só acordmaos quando a realidade se impõe diante da gente, como aconteceu nessa noite. Uma coisa é dar uma moedinha pra um pedinte na rua e mal olharmos no rosto dele (e achando que realmente estamos fazendo a nossa parte por causa dessa boa ação mecânica e discutível); outra é olhar nos olhos dessas pessoas e ver nos olhos delas tudo aquilo que a vida lhes negou, e que muitas vezes podemos suprir - ou com um prato de comida, ou com uma roupa limpa, ou com alguns minutos conversa ou simplesmente deixando de ignorar que eles existem. Beijos, moça!!

ELIANE,

Olha quem apareceu!! Feliz aniversário, novamente!! Apareça mais vezes sim, será um prazer te receber aqui, seja muito bem vinda. Eu não costumo fazer essas estripulias no meio da madrugada; aliás, essa foi a única vez. Na volta é que me dei conta do que poderia ter acontecido... poderia ser um bandido, mas foi uma criança. Poderia ter sido uma tragédia, mas foi uma irresponsabilidade que resultou num bem... e acredito mesmo que, por mais absurda, ou desfavorável, ou dolorosa que pareça uma situação, sempre estamos no lugar certo na hora certa, porque há sim alguém cuidando. Cada evento da nossa vida é uma chance de fazer algo bom acontecer. Beijos!

THIAGO,

Mando sim, querido. Beijos!

AFOBÓRIO,

Sim, sim... a genté só precisa entender os sinais, né? Beijos!

PAVÓN,

Tão pouco para nos surpreender, e tão pouco para nos fazer felizes. Porque será que a gente nunca se contenta com o que tem? É preciso um choque de realidade de vez em quando pra nos lembrar que, pelo menos pra nós, a vida não é tão feia quanto a gente pinta... Beijos!

FLÁVIO,

Oi, moço!
A Senhora Dona Bruxa é um amor, né? Te agradeço muito os parabéns antecipados, e mais ainda a visita simpaticíssima. Muito obrigada mesmo. E eu sou suspeita pra falar, porque tenho um otimismo quase patológico. Sempre acredito que dá pra mudar. E que a gente pode semear pequenas coisas aqui e ali, e frutificar pelo exemplo. Isso é assim em tudo: ajudar quem precisa, não jogar lixo nas ruas, respeitar as pessoas... uma dica? Crianças. Elas sim, são o agente modificador da sociedade, e são extremamente receptivas ao aprendizado dessas pequenas grandes coisas. A longo prazo... quem sabe? A gente tem que acreditar... e fazer a nossa parte. Beijos!

CHANTINON,

Ah, eu conheço a música! E pasme, ia postar o texto com ela - desisti pq a página estava demorando demais pra carregar, e também pq o player que uso passou por uma repaginada e ficou altamente FEIO. Mas a música é ótima mesmo, quem não conhece, peloamordedeus, ouça. Beijos!

GABRIEL,

Real, sim. Tristemente e esfomeadamente real. Aliás, pra quem estiver se perguntando isso, nunca mais vi o menino. Mesmo depois de me mudar, voltei ao tal posto de gasolina algumas vezes, mas não o encontrei mais. Às vezes lamento por não feito alguma coisa mais efetiva e duradoura... mas infelizmente esses insights só vêm depois. Beijos´!

VAL,

opa, prazer é meu!! Beijo!

Flávia disse...

e FLÁVIO: o prazer é meu :D

_E se eu fosse puta...Tu lias?_ disse...

Sarava!


A mente vazia... para escrever...também sou pro!

Quanto à história...comove!

:)


beijinhos

Altavolt disse...

Fiquei duplamente feliz nestes dias. Primeiro por receber sua visita em meu humilde espaço e, segundo, por conhecer seu blog tão bacana e logo com um post desses na cabeceira. Sua sensibilidade e consciência me encantaram. Ainda mais em alguém tão jovem quanto você. Parabéns, mesmo! Vou tomar a liberdade de favoritá-la na minha lista de blogs, ok? Por outro lado, voltando ao seu texto, a pergunta que não quer calar é: até quando a sociedade brasileira vai permitir esse tipo de atrocidade com crianças e jovens, e achando que não é com ela? Já passou da hora de todos nós, juntos, acabarmos com essas mazelas. Pois, pensando bem, qualquer um poderia estar naquela situação. O fato de não estarmos é apenas questão de sorte. Sorte que o garoto retratado por você não teve! Grande beijo, menina! Altamir.

Cara de 30 disse...

Tá com a passagem garantida para o céu, hein?!

Brincadeiras à parte, esta é a triste realidade de nosso país... Enquanto nossos governantes gastam milhões em obras faraônicas e programas assistenciais furados, a maioria precisa de tão pouco para prosseguir. Sorte a desse menino que ele te encontrou...

Marguerita disse...

Coração apertado, sem palavras!

Controlando a vontade de cair no choro em pleno escritório.

Beijos, ótimo findi.

Auíri Au disse...

As palavras me faltam agora.
Mais me lembrei de um pedaço da música de um fgruop mineiro que se chama TiaNastácia.

"...Hoje, Mais um moleque me parou na rua,
E da janela do carro com a pele da cor de barro, tão diferente da sua,
me disse:
Hoje não queria acordar,
Hoje não tenho que comer,
Hoje não quero mais chorar,
Hoje não quero mais viver..."

Beijos

*** Cris *** disse...

OLá, Flávia, td bem?
Às vezes ficamos tristes por qq coisas ou apreensivas com algo que nem sabemos ao certo o que é,mas qd acontece um fato como esse que vc relatou sensivelmente, nos dá um sacode que acordamos do marasmo em que estávamos. Isso nos faz pensar além, muito além de nossa rotina.
Um abraço e bom fim de semana!

Germano Viana Xavier disse...

Flávia,

lembrei de um meninozinho chamado Uiliam, que sempre dormia com a lua acobertando seus pés frios, no Parque da Dolina, em minha cidadezinha natal.

E também lembre do livro "Meu pé de laranja lima".

Bom lebrar de coisas lendo outras...

Um carinho.
Continuemos...

Rodrigo Carreiro disse...

Você é muito generosa. Não sei se faria o mesmo...

Mari disse...

Oi,linda

Bem que eu suspeitava que você é bonita por dentro e por fora.

Infelizmente existem
muitos 'robinhos' pelo mundo querendo encontrar uma 'maria' em sua vida todos os dias..

beijos

Anônimo disse...

Adoro teus escritos.
Xêro pro´ce!!!

Thiago disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiago disse...

Certeza que ele jamais vai esquecer a maria e nem tu vai esquecer esse robinho, tem coisas que acontecem na vida da gente assim sem um porquê e depois de um tempo que a gente vai entender.Se todos tivessem essa atitude como a tua, se todos pedissem somente alimento como ele..enfim...seria bacana que essas coisas mudassem, sempre esperamos que sim. vamos seguir em frente.

Jana Lauxen disse...

Flávia!

Porra, teu texto me arrepiou.
E, mais do que isso, me umedeceu os olhos.
Vi cena a cena, acho que posso até dizer que senti algo muito próximo do que você sentiu.

De qualquer maneira, parabéns pela sua atitude.
Pode, para alguns, até parecer uma amenidade.
Outros podem dizer que você foi boba abrindo mão do seu café para alimentar um ladrãozinho.
Há ainda quem possa te criticar, dizendo que “não podemos dar o peixe, precisamos ensinar a pescar” (Grrr, odeio esse ditado).
Mas eu te digo que o que você fez foi grande e sublime.
Que você salvou, pelo menos uma vez, uma criança da fome.

Não é a toa que ele te chamou de Maria.

Beijo.

Edna Federico disse...

É, tem coisas que acontecem para nos fazer pensar...
Beijo

Anônimo disse...

Todos deveriam fazer como fizestes. Dar esmolas, não. Dar pão e comida, sim.
Quem sabe assim diminuiria um pouco a quantidade de pedintes que só nos exploram.

Abraço.

Anônimo disse...

Eu também fiquei quase sem palavras por aqui, ao ler o seu texto tão simples e gentil.
Me identifico com as coisas que você escreve, e acho que já disse isso. Pela parte do Word aberto no computador, a Janis, o capuccino, e pelo gesto. Essas coisas mexem comigo. Ainda mais quando se trata de crianças.

E você é que é foda! :)

beijos.

Marcos Seiter disse...

Guria, que escrita esplêndida!!!

É bom poder ler e sentir a presença do que foi lido, prazeroso, em nossa alma.


Fico feliz por ter gostado e tanto da minha escrita. O caráter é pra mim a chave da porta.

Muito obrigado minha querida pela sua sinceridade e por ser assim, um encanto de pessoa!!!


Beijos e bom finde!!!



Marcos Seiter

Flávia disse...

A CAGADA DO DIA: tentando mudar o meu template pela 125888747ª vez, consegui SUMIR com vários elementos da minha página, incluindo o blogroll com os links do pessoal... como desgraça pouca é bobagem, o blogger se recusa a aceitar as minhas tentativas de arrumar as coisas. A tarefa de corrigir o estrago fica para o final de semana, porque periga o cenário ficar pior do que já está.

Beijão pra todo mundo e bom fim de semana!

Anônimo disse...

Estou boquiaberto... na maioria das vezes nem damos bola para esses meninos de rua, achando que se dermos uma vez eles pediram mais e mais.Ou por acharmos que eles comprarão cigarros mesmo, o que na maioria das vezes é verdade.Mas acho que nunca devemos perder as esperanças, porque acredito sim que muitas dessas crianças de rua queriam melhorar de vida dignamente, e tudo que lhes falta é oportunidade e um bom ambiente familiar. Na frente de um grande ponto de onibus da minha cidade tem uma carrocinha de cachorro quente,onde moradores de rua trazem seus pãezinhos que compram com as míseras moedas que ganham para o dono por molho dentro.Acho isso muito legal sabe.É, ainda existem pessoas boas.Parabéns pra vc!

beejO!

Sunflower disse...

Flá,

esse negócio de gente me dói. Eu sou apática a maior parte do tempo, acho que pra botar a cabeça pra fora da água e tentar sobreviver, mas não dou pra lidar com gente, não dou. Não sei não tomar partido, não me sentir ferida, não me sentir inútil qdo não posso fazer nada.

Já tive que ser segurada pra trás pra eu não bater em um cara que estava batendo em um mendigo. Me seguraram, depois que eu surtei avancei nele gritando e chutando pra deixar o homem em paz. Já trouxe criança pra casa pra tomar banho e comer e dei minhas roupas, quando eu era pequena, e minha mãe disse que isso era errado. Já fiquei sem dinheiro pra comer pq ajudei os outros.

Como disse, eu não dou pra esse negócio de gente.

beijas

Anônimo disse...

Essa é a realidade desse país! "Fantasminhas" surgindo dos grotões de miséria, e o sapo barbudo ainda diz que está tudo bem... Eros escreveu mais um conto erótico no Ménage. Bjus e bfs.

http://textoaatres.blogspot.com

http://so-pensando.blogspot.com

Ana Luisa disse...

Oi Flávia!!!
Determinadas situações nos surpreendem, nossas atitudes ainda mais..rsr.

Ó, saudades de vc.
Beijão.

Unknown disse...

Olá,Flávia. Uma vez já lhe disse o quanto amei este texto. Passei para matar a saudade de seus textos e de sua imagem fotografada. Um forte abraço, linda.
Saudades,

Walter.

Kari disse...

Eu já disse que algumas vezes lia o Cotidianidades, né?
E lembro-me bem dessa escrita...

Linda e tão sensível...

Creio que, de fato, ele jamais te esquecerá, mesmo não tendo um blog para falar a respeito...

Beijos

Anônimo disse...

não sou daquelas "tias" que dão esmolas. mas os meninos pobres que moram aqui por perto sabem que podem me dobrar por pouca coisa. e com essa, acabo sendo aquela "tia" que eles atravessam a rua só para cumprimentar e dizer que passou de ano na escola.
mas nunca fiz o que fez, flavinha.

beijinhos, minha menina.

Ariana Luz disse...

sem palavras.


aliás,boa ajuda e triste,mas sincera.tbm tendo ajudar smpre,mas sempre fica um nó no peito,é gnt avulsa,entend?cm vc disse:fantasmas da cidad.ignorados e indiferents..trist msmo...


flores.

Nadezhda disse...

Nunca me ocorreu um contato tão direto. Mas algumas coisas me fazem dormir de forma diferente, de questionar a mim mesma, e não o mundo.

;)

Glau Ribeiro disse...

Flavinha,

Já escrevi um texto sobre isso, sobre essa realidade que a gente faz questão de não enxergar. E de como, as vezes, o ser humano é inescrupulosamente egoísta.

Seu texto tocou meu cantinho mais sensível. Reacendeu todos os pensamentos que tive ao escrever sobre essa sujeira na qual vivemos.

Dia da minha escrita, também foi particular, depois conto pra você. E posso imaginar os seus pensamentos na hora de dormir, cheirando travesseiro limpo e coberta quentinha. Paradoxo imenso esse, nosso.

Gostei muito do seu texto, muito mesmo. Porque faz pensar, e texto que faz pensar, SEMPRE faz bem.

Beijo meu!

Nathália. disse...

ok, eu ja sentia isso desde que comecei a ler, mas essa sua ''fome fisica que é mais uma dentre as outras'' me faz ter certeza que vou deixar pegadinhas virtuais por aqui sempre que der...

parabéns pelo significado que cê dá ao mundano. lindo!

Nathália. disse...

ok, eu ja sentia isso desde que comecei a ler, mas essa sua ''fome fisica que é mais uma dentre as outras'' me faz ter certeza que vou deixar pegadinhas virtuais por aqui sempre que der...

parabéns pelo significado que cê dá ao mundano. lindo!

Anônimo disse...

Com palavras ou sem, você é a minha contista preferida. Além de flor, coração, ser humano, amiga e etcétera.

Meu beijo, meu amor e meu silêncio dizendo.
:)

Filipe Garcia disse...

Oi Flavinha,

sua narrativa me envolveu do início ao fim. Confesso que entrei no seu blog pensando em voltar pra ler depois porque precisava terminar meus estudos. Mas comecei a primeira linha e não parei mais. Sua capacidade de tecer palavras, cruzá-las, enfeitá-las e jogar efeitos diversos sobre elas é inenarrável. Coisa de escritora.

E quanto a essa realidade que nos bate à porta todos os dias, é realidade pesada aos nossos olhos. Crianças-anjos perambulando nas madrugadas, pedindo comida é de rasgar o coração. Muitos no lugar da protagonista (não sei se é uma estória sua) teriam fugido, entrado na loja de conveniência com medo do garoto. Nossa mente já anda tão perturbada que pensamos em nos defender antes de ajudar. Engraçado e triste.

Finalizo com aplausos. Porque, sinceramente, a cada dia eu me torno outra vez seu fã.

Beijo.

Unknown disse...

é... eis o que acontece qdo a indiferente paisagem que nos circunda ganha voz.

Maldito disse...

O texto é completo, coeso e surpreendente!
Dispensa comentários!

Natália Mylonas disse...

Ah, se isso aconteceu como vc contou, o meu coração cortou um pouco e caiu uma lágrima do meu olho ...

Beiijuus Fla !1

Tyr Quentalë disse...

Muitas vezes, nossas mentes se encontram em um vazio de palavras, onde não conseguimos expressar aquilo que realmente estamos sentindo. Um hiatus critivus, como muitos diriam, mas que muitas vezes é apenas um vazio que se apodera da alma nessa solidão que nos assola mesmo tendo milhões de pessoas ao nosso redor. Muitas vezes escutei pedidos iguais, nos quais neguei uma ajuda e se minha alma está condenada ao inferno, ela assim está há muito tempo, mas dizem, apenas dizem.. que para cada boa ação, muitas más ações são perdoadas.
Não posso afirmar a ti, minha cara amiga, que sou um Anjo enviado por Deus, mas uma Caída que percebe muitas emoções e sentimentos. Uma Caída que protege àqueles com quem se afeiçoa, assim como você protegeu o menino da fome que o assolava.
Já passei por algo parecido, mas minha história é um pouco mais delongada, com nuances diferentes e até mesmo um pouco mais... Arriscada.. eu poderia dizer... Quem sabe eu lhe conte essa história um dia?

Belarmino disse...

É Flávia, se era fome eu não sei, você não sabe, só ele. Mas eu posso te garantir, a fome faz muita coisa, mas muita coisa mesmo. Eu já passei por isso, mas fui tentar achar trabalho, varrer calçada, lavar carro. Para assim conseguir o dinheiro do meu almoço.

Bom, sempre que der passe no meu blog, acho que você sabe qual é.

Beijos moça.

Anônimo disse...

Esse seu texto é como estar entre o sorriso e o choro, na linha tênue que nos separa do mundinho perfeito e da triste realidade.
Fantástica descrição!