Cada um tem o seu passado fechado em si,
tal como um livro que se conhece de cor,
livro de que os amigos apenas levam o título.
Virginia Woolf
tal como um livro que se conhece de cor,
livro de que os amigos apenas levam o título.
Virginia Woolf
Hoje penso nos planos que não quero fazer, nas memórias que não quero guardar, nos passos que calçaram meus pés e que nada tinham de meus. Penso no porvir, embora saiba que o porvir não existe e que tudo além desse momento é ilusório, e que o antes e depois são apenas pretexto para que eu persista na hesitação em reescrever-me neste exato minuto – o único fragmento de tempo que realmente me pertence.
Despeço-me de velhos conceitos. Dispo-me de arquétipos. Descontextualizo-me na tentativa de fazer jus à minha real forma e, assim, escapar das redundâncias que contrariam a delicada porém indiscutível objetividade da minha natureza. Permito-me não querer o óbvio, o fato consumado, o crível, a cara estereotipada das possibilidades restritas. E compreendo, acato meu direito de ser mutável – posto que as transformações são a única e real constância.
Hoje penso, apesar de pretender que meus pensamentos se esvaiam de mim como a água que se faz vapor para abandonar o corpo de um rio em um dia quente de verão. Satisfaz meu espírito apenas sentir. Perceber. Incorporar. Tatear-me em busca do ser que há tanto tenho buscado sem compreender que esteve sempre comigo, estremecer ante o impacto da minha existência no mundo, encantar-me com a harmonia das minhas imperfeições, tão preciosas por serem unicamente minhas. Encaixar-me na minha carne, essa carne que me pertence e a ninguém mais.
E é bom esse revisitar-me. E havia de ser neste minuto, neste segundo. É deliciosa e indiscutivelmente vital a sensação de alcançar a mim mesma em meio a todas as outras que me tornei e degustar o fato de que, a despeito da multiplicidade, ainda sou eu quem habita este corpo. E assim, à revelia do tempo que prossegue implacável em sua jornada infinita, me permito sorver, em longos e intermináveis goles, esse instante permeado de eternidades, essa irracionalidade voluntária repleta de uma serenidade feliz e indiferente a tudo mais que teima em escapar ao universo perfeito contido nesse agora.
E tem novidades lá pelo Espasmos de Riso, pessoas queridas - o primeiro post feito em dupla, dessa vez escrito por mim e pela dona Anne (imaginem o tamanho da confusão!!). Historinha de "Internete", dessa vez completamente inventada, nascida num dos nossos nada raros surtos emiessiênicos e transcrita na íntegra, sem retoques. Passem lá pra conferir, e divirtam-se!
Despeço-me de velhos conceitos. Dispo-me de arquétipos. Descontextualizo-me na tentativa de fazer jus à minha real forma e, assim, escapar das redundâncias que contrariam a delicada porém indiscutível objetividade da minha natureza. Permito-me não querer o óbvio, o fato consumado, o crível, a cara estereotipada das possibilidades restritas. E compreendo, acato meu direito de ser mutável – posto que as transformações são a única e real constância.
Hoje penso, apesar de pretender que meus pensamentos se esvaiam de mim como a água que se faz vapor para abandonar o corpo de um rio em um dia quente de verão. Satisfaz meu espírito apenas sentir. Perceber. Incorporar. Tatear-me em busca do ser que há tanto tenho buscado sem compreender que esteve sempre comigo, estremecer ante o impacto da minha existência no mundo, encantar-me com a harmonia das minhas imperfeições, tão preciosas por serem unicamente minhas. Encaixar-me na minha carne, essa carne que me pertence e a ninguém mais.
E é bom esse revisitar-me. E havia de ser neste minuto, neste segundo. É deliciosa e indiscutivelmente vital a sensação de alcançar a mim mesma em meio a todas as outras que me tornei e degustar o fato de que, a despeito da multiplicidade, ainda sou eu quem habita este corpo. E assim, à revelia do tempo que prossegue implacável em sua jornada infinita, me permito sorver, em longos e intermináveis goles, esse instante permeado de eternidades, essa irracionalidade voluntária repleta de uma serenidade feliz e indiferente a tudo mais que teima em escapar ao universo perfeito contido nesse agora.
E tem novidades lá pelo Espasmos de Riso, pessoas queridas - o primeiro post feito em dupla, dessa vez escrito por mim e pela dona Anne (imaginem o tamanho da confusão!!). Historinha de "Internete", dessa vez completamente inventada, nascida num dos nossos nada raros surtos emiessiênicos e transcrita na íntegra, sem retoques. Passem lá pra conferir, e divirtam-se!
25 comentários:
Quem bom quando há esse encontro de você com você mesmo.
Beijo
Muito bom esse revisitar - se , se expande , se cresce , se acrescenta.
O agora é o único tempo que realmente interessa.Bjks.
Adorei esse revistar-se, isso é sempre um desafio.
Um abraço!
A primeira página deste planejamento não planejado está escrito.
Agora é só absorver os pensamentos não pensados, racionais ou irracionais e escrever o resto.
Belo texto, Flávia.
Beijo.
Esse seu jeito de perfumar o texto com um aroma formado pela sequência de vocábulos não usuais, a retratar da mais bela forma o que normalmente só se diz com palavras comuns, vicia os meus olhos a ficarem sedentos das futuras letras com que irá nos brindar ...
Há de se ter coragem para essa revisão interior com reflexões [pro]fundos.
Revisitação imposta pela necessidade de tempos melhores, pula querida!!
lindo dia,flor
beijos
encaixar-me na minha carne.
(não tem uma carinha aqui que traduza a minha. não tem. mas achei foda. toda essa parte. aliás tenho que achar outro adjetivo pra falar daqui)
e virgínia ali. me acaba,
=*
beijo.
Flavinha, seria o viver um dia de cada vez?
É , acho bem melhor assim. Olhar pra si mesmo é uma viagem de grandes descobertas. Beijosss
Buscamo-nos em nossa própria essência;
Desnudos de planos traçados ou passos marcados;
Conceitos pré-definidos ou ilusões;
Libertamo-nos dos esteriótipos; Mergulhamos em nosso íntimo;
Nossas particularidades, nossas imperfeições, outrora tão reprimidas, agora um universo de peculiaridades;
O despertar para um ser humano único
Aceitamo-nos agora com plenitude e
neste instante nos permitimos a felicidade de ser... simplismente ser
Ana Cárita
PS. Amo seus textos
É ótimo quando a gente se encontra.
Abraços
Flávia, querida!
O "Tempo", um dos seus melhores textos, que sá o melhor! Enfim somos seres inacabados, pensantes, errantes.
" .. Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante .."
Beijú e ótimo dia!
O eterno redescobrir-se!!!!
:)
Faz bem a alma e ao coração!
=}
O tempo prossegue implacável, exceto para você, que continua cada vez mais desconcertante por dentro e por fora. Beijo, moça!
PS: Vou direto para o "Espasmos de riso", porque a "bagaça" deve estar hilária demais!
"a vida é aquilo que acontece enquanto você faz planos"
sorte e luz.
É sempre bom parar um segundo pra pensar na gente, né? No que queremos ou não. No que sentimos, no que sonhamos... Como você disse, "revisitar-se" é sempre revigorante...
Beijos e como sempre,
amei a relfexão
Texto que cativa por sua sinceridade. O momento em que nos damos conta de muitas coisas. A descoberta do que sempre esteve ali.
A autora, como sempre, nos tocando com sua aguçada sensibilidade refletida em textos deliciosos.
Oi Flá!
Verdadeiro presente este texto!
Reverência ao tempo. Falar do "instante Já", do "instante É". E Porque o ontem passou, nada há que fazer.
...O Amanhã?...Sei lá...Talvez eu o viva, ainda...
Sabe de uma coisa, Flá?
Sempre que resolves revisitar-te, encontro um texto de maior quilate.
Espero mesmo que continues contraditória, impermanente, e desdobrável, porém Inteira e Integralmente, TU.
Reverencia o Tempo porque, sem seres vinheda ou vinho, quanto mais o tempo passa, melhor ficas e melhor representas na linguagem, as tuas vivências.
Quanto ao "espasmos", tive espasmos de riso...:)A D O R E I...
Carinho
Você colocou em teu comentário, lá no conto do demônio, no blogue da Jana: a moça é fera, né eliane?
É, sim.
E você também é.
São estilos diferentes, e adoro ler o que vocês duas escrevem.
Você é muito sensível, com uma facilidade enorme de comunicação.
Seus textos são um encanto.
Olhar para dentro de si mesma, sem medo do que vai ver, sem preconceito do que pode encontrar, e com esse dote incomum de expressão, nos presentear com esse texto, e todos os outros que já li, isso tudo é uma benção, flávia.
Voltarei sempre.
beijo
Tenho até um poema que fala sobre isso, dessa nossa eterna construção/desconstrução. Volta e meia, precisamos nos revisar afim de nos tornar pessoas melhores. Bjus.
http://so-pensando.blogspot.com
Temos tanta dificuldade em nos conhecer justamente por isso: somos muitos, e mudamos o tempo inteiro.
O que não deixa de ser fantástico, e muito, muito interessante.
Beijo mocinha!
:)
Acabei de ler o post do Espasmos de Riso.
Puta merda, muito bom.
Hahahaha.
Flavinha,
Ler você me deixou com vontade grande de escrever. Tão bonito esse desenho de revisitar, de conhecer de novo o já conhecido, de descobrir o que desconhecemos da gente mesmo, de alimentar nosso amor mais bonito: o próprio.
Tão difícil esse exercício e tão necessário. E ver-te juntando palavras pra descrever esse momento é colorido demais. Tão cheio de cores que chega a ser um convite a colorir também. Pura pretensão minha. =)
Beijos, querida!
Li e achei que havia comentado.
Achei que assim tinha o feito e percebi que não o fiz.
Fiquei com a intenção de escrever as palavras que pudessem expressar tudo que eu havia lido, mas as impressões acabaram ficando comigo.
Então revisito-me, revisito-te, busco as palavras que não foram ditas. Despidas de arquétipos, máscaras e conceitos que já foram esquecidos.
Esquecidos por não mais serem importantes, já que renasceste como deverias ter renascido há mais tempo, minha cara e bela amiga.
Então deixemos palavras passadas para trás, pois a cada novo dia e a cada novo revisitar, vemos como a serenidade ganha novas nuances que devem ser cultivadas.
Beijos e abraços e uma barda.
Olhar para nós mesmos nos rende. Acabamos por descobrir como está o rumo das coisas.
É sempre necessário.
Beijos
;)
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