sexta-feira, 16 de março de 2012

Letras, Flores e Solidões


Soundtrack: Schuyler Fisk - Fall Apart Today





Não sei o que dizer. A ideia era lhe escrever um bilhete, mas apago e repenso cada palavra como se fosse igualmente impossível nos reescrever na mesma história. Paredes brancas, papel em branco, alguma coisa vazia indo e vindo, minha ansiedade recorrente, um pouco de raiva misturada a um impulso anacrônico de amor, um bêbado na esquina da rua solitária atirando ao vento flores imaginárias. A certeza de que, quanto mais me esforço para esquecer, mais me lembro de. Tão difícil dizer amor, amor. Tão difícil dizer qualquer coisa sempre que há tanta coisa a ser dita. E eu, odiando te encontrar, odiando não te encontrar, que felicidade e liberdade sempre me pareceram antagônicas e, ao mesmo tempo, sempre me pareceram sonhos viciados de um mesmo coração partido, continuo aqui, guardando na voz e dentro do peito aquilo tudo que um dia fez parte do mundo que eu quis lhe contar – incluindo a rua solitária, o bêbado na esquina, as flores imaginárias, o coração partido e o bilhete de amor que nunca se escreveu.



4 comentários:

Anônimo disse...

Acho que vou me apossar de tuas palavras e enviar a alguém...como um bilhete... talvez mande apenas seu link... e diga, leia as palavras dela...um coraçao q fala e sente e... mtas vezes diz exatamente aquilo q as palavras fogem de mim qdo tento dizê-las!

Lindo demais seu texto! Música perfeita!

bjs flavinha, adoro-te!

Dud's

Fabrício César Franco disse...

A arte dos bilhetes meio que se perdeu nessa nossa passagem (abrupta?) do papel à tela eletrônica. Hoje, não sei mais se as pessoas sabem o valor que é encontrar palavras - assim, tão fortes, viscerais, pela concisão - e ter que dar uma resposta - pronta, incisiva.

Beijo!

Anne disse...

Que lindo, Flavinha! Nem sempre é fácil colocar sentimentos em palavras. Nem sempre é fácil dizer ou entender o que se sente... mas vc fala lindamente até das confusões. Amo o jeito como vc escreve.

Amo vc.

Bjos, mana.

Lu disse...

Flavia, você é linda...demais.

Aprendi que a felicidade se insere na história, quando o amor se enlaça com a liberdade. Não aquela libertinagem de estar em qualquer lugar a qualquer tempo, fazendo qualquer coisa. Mas a liberdade de existir [com], sem limitar-se enquanto pessoa.