"Perdi um saco de cacos.
Quem encontrar, não precisa me devolver."
Patrícia Lage
Soundtrack: Duffy - Warwick Avenue
Para quando você for embora de mim eu guardei um tom lilás de mudança - qualquer coisa entre o azul e o vermelho, nem feliz nem triste, calmo. Tranquilo. Eu guardei uma paz sutil como a lucidez que se insinua cuidadosa entre as pulsações de um coração agressivamente cego, coração ferrão de vespa que investe e fere e se deixa ficar e nem sabe que é ele a causa e o efeito da própria dor. Eu não tenho mais sonhos de vidro, os deixei por aí - para que, quando você for embora de mim, eu não mais fira meus dedos com tantos cacos. Eu guardei, para quando você for embora, um sorriso intacto, de mim para mim, desmemoriado, de existência presente e egoisticamente apenas minha - que o que passou não existe mais; eu guardei, em algum lugar entre o azul e o vermelho da mudança lilás derramada sobre o dia, um instante que me revelaria ao pé do ouvido quando você já não estivesse aqui, e hoje eu ouço esse sussurro suave e lento feito canção.
Para quando você for embora de mim eu me guardei, inteira.
49 comentários:
Nossa... que lindo!
Moça,
Guarde seu coração, mas não deixe que as portas dele se fechem a ponto das trancas enferrujarem-se.
Quando a luz entre, mesmo que pelas frestas rangentes, o perfume que ainda existia, poderá sempre se espalhar pra além e alcançar outros tantos.
Beijos em tiua alma!
Ah eu amo essa música da Duffy!
Lindo demais o texto! Como todos, aliás! Quando você vai lançar o seu primeiro livro?
Beijos
Amei ler isso! Delícia, em todos os sentidos!
E, mais interessante, só poderia descrever esse tom lilás quem vê o pôr do sol.
Muito legal!
Beijinhos, minha menina!
parece que flávia me lê. e entende demais.
um xêro. saudades.
Algumas coisas se vão. E ainda bem que se vão!
(Lembra-se que foi você que assim me respondeu ao que eu disse anteriormente e você citou aí, na epígrafe do post?)
Algumas coisas, essas que se vão depois, apenas ocupam espaços e limitam ainda mais a ação dos nossos braços. Mas são as batidas insistentes do coração da gente que expulsam a tal coisa incondizente... Aí vem aquela coisa gostosa de abrir os braços depois de uma longa prisão!
Eu digo que algumas coisas apenas ocupam espaço porque chegará o tempo - o tempo em que elas não estarão presentes - que não farão a mínima falta.
Você é linda, amiga-metade, feito esse texto tão belo. Linda e inteira.
Meu beijo.
Adoro essa música!!
Ah sim, lembrei de um post passado seu, sobre o "de sonhos". Sabe, esses dias eu também engoli um bem grande, mais um dos muitos com os quais eu me engasguei, até passei mal e agora doutora?
Tudo na vida demora para quem está dentro, mas passa. E espero que passe correndo...Bjs Flavitha!
Que bom que, quando ele for embora, ainda haverá uma ela inteira. Que bom que ele não levou nenhum pedaço. Ou, pensando bem, que ele tenha levado, ao menos, as lembranças. Afinal, por mais que se vá, elas sempre ficam para perturbar...
Beijão pra tu!
Flavinha,lilás.
Caminhaste tanto, fizeste tantas escolhas importantes e decidistes tantas outras difíceis nestes meses desde teu aniversário...
Mas confessoque texto ou contexto eis aqui um sentimento de plenitude e madureza que gostei de ler.
E descreves uma intenção segura, com a beleza costumeira dos teus textos. Eu fico aliviada e feliz se for contexto. Porém é inegável que a ternura lembra-me Flavia quando a conheci porém lilás é tom de fim de um sofrer....
Beijos linda-Flá.
Fica bem,
Mai
Recebeste o selo que te enviei?
Bjs.
como diz o teatro magico "quero vc inteira e minha metade de volta";
que bom que você se guardou. tem gente que se joga no lixo.
Beijo, orgulho meu.
Jazz
Não importa a cor
não importa quem
não importa pra quem...
Os cacos se justapõem e se rematerializam.
Beijo Flávia
Flá, depois de encarar a sombra monocromática da dor, só mesmo a tranquilidade do lilás para restaurar todas as fissuras cravadas no coração... O tempo há de trazer novas cores para a sua vida... Let it be... Beijocas
PS: A escolha da música, novamente, "just perfect" ;-)
É bom se guardar... Só toma cuidade pra não esquecer aonde se deixou.
perfeito!
tb me guardei..
eles passam..eu passarinho!
bj. lv
Sonhos de vidros, quantos não há dentro de mim, alguns completamente despedaços, sem ter conseguir levar embora os cacos, por puro comodismo...
Um beijo Flavinha, lindo, como tudo que vc escreve.
É o mínimo que devemos fazer por nós mesmos. Nos guardarmos inteiros.
;)
nada de caco, só inteiro, só prisma.
beijas e saudades
ah, então, isso também me lembrou da música do Jesse Harris.
Flavinha,
Qdo somos um monte de cacos juntados e colados sempre somos melhores do que qdo intactos. Ficamos mais resistentes e por isso mais bonitos.
Vc é linda e por isso escreve coisas tão lindas e consegue dar cor a sentimentos e isso não é pra qualquer um. Alguns conseguem descrever tristeza, mas poucos conseguem dar cor a ela. Amei seu tom lilás de mudança. Eu vi o tom certo.
Bjos!!!
Senti sua falta!
Andou meio sumida, parece.
Beijos!
a utima frase... uau!!!
A respiração na nuca tange o infinito.
eu poderia jurar que vc se inspirou em um momento meu, um momento de agora...um momento que nem eu sei...mas que suas palavras traduziram...
beijos bonita!
Muito lindo...
Ótima semana pra vc!
Flavinha, o post é triste, mas muito bonito! Gostei, mas estou ficando com saudades daquela Flávia bem humorada e irreverente! Quero vê-la logo naquela outra sintonia, ok? Beijão, querida!
Doído, mas muito lindo... Deixei de escrever no Só Pensando, e agora estou no Contestação. Passa lá e me diz o que achou. Bjus.
http://contesta-acao.blogspot.com
Sempre quando eu entro aqui, eu me conscientizo de uma coisa: as dores de amor são iguais em qualquer canto.
beijos, Fláviaa
Oi flá!!! Saudade daqui, nossinhora!!!
Melhor atitude que se pode ter....
guardar-se inteira para si mesma!!!
Beijosss
olá.
acho que o ser humano é uma gaveta cheia de coisas guardadas.
belo texto.
sorte e luz.
suas palavras me fazem muito be!
sua paz invadiu aqui!
tão bom tudo lilás!
beijos minha querida!
Sempre intensa, né bela Flávia?
Esteja sempre inteira.
Beijo procê!
Eu nunca consegui me guardar.
Ô, medo infeliz!
Seu texto só cortou uma veia do coração.
Beijo, Flávia!
Até porque, todos merecem a si mesmos. Liberdade de mi, liberdade de mim! Guarde-se mesmo, e não se esqueça de dar um passo após o outro. Belo texo. Abraços
não sei se li ou cantei seu texto. pois para mim fluiu como uma canção.
gostei muito.
abraço
Quem dera eu pudesse me guardar assim, inteira.
Quem dera eu tivesse força ou essa chance.
Lindo conto, como vc!
Beijo, flor!
Ai, mas que ele nunca vá embora né? nem precisa ir...
Bjm lindona
Você sempre me surpreende moça.
Muito lindo esse texto.
Bjos
Sabe aquele "tumtumtum" do coração, quando a pessoa acerta em cheio bem no meio do peito, e ele acelera, acelera, tenta encontrar um pulsação adequada para a repiração, daí pára, e adormece?
Pois é.
LINDO, Flávia. Tão lindo quanto você. Que é inteira, intensa, maravilhosa. Te admiro muito.
Beijos, bonita.
Fazia tempo que não passava por aqui... mas hoje, eu a lua cheia e a saudade encontramos as palavras certas pra nos embebedarmos... te beijo!
ao te ler depois de trinta anos descobri que tive, que tenho e que terei sonhos de vidro...que bela definicao..a sua..sonhos de vidro que nunca os conservei com o devido cuidado...agora vou prestar mais atencao aos meus sonhos de vidro...
beijo pra vc
diversas vezes, partida em cacos, jurei para mim mesma que da próxima vez - isso se houvesse uma próxima vez, porque isso sempre vinha depois daquela promessa de "nuca mais" - não me entregaria, seria minha e só minha.
nunca cumpri a promessa, mesmo sabendo que é o certo.
mantenha o que você fez, é o essencial.
alguns até chamam de amor próprio, sabia? x)
bom feriado!
quando alguém vai embora de nós e ainda assim ficamos inteiros, é sinal que estava agregado, acoplado, porém não incorporado ...
a casa aqui pretende não fechar quartos, ainda que às vezes eles não mais se abram e mantenham apenas um retrato na porta, aliados aos rabiscos de alguns relatos grafados sob ele ...
mas não dá pra se negar que há os hóspedes, que quando partem não levam pedaços de nós ...
e assim, na memória, na alma e no corpo, se trafega pelos anos da vida com as tatuagens de quem se conheceu e gostou e amou ...
lilás é uma boa cor para despedidas, sorrisos sempre vão bem, mesmo em alguns momentos não muito felizes ...
distâncias impedem toques mas não sentimentos ... e poemas e textos grafam história pra sempre ...
feliz páscoa pra ti, menina, e muito chocolate sem remorsos de gula ... rssss
doce, lindo,perfeito!
Lindas palavras, eu simplesmente adoro essa música!!!
Texto belíssimo. Blog idem. Conteúdo de primeira. Parabéns.
É sempre bom te ler, este texto então, lindo.
Obrigada pela visita ao meu humilde recinto, rsrsr
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