É assim, Fulano.
Eu não me espanto com quase nada nessa vida. Mas ainda me espanto com essas novidades que não respeitam geografia e ultrapassam os circuitos eletrônicos e cerebrais para se estatelarem nos sentimentos, mesmo sabendo que sentimento é naturalmente wireless – vai e vem num fluxo desordenado que desafia a gente e faz inusitados pontos de acesso sintonizarem na mesma freqüência, isso eu sei. Porém, pense comigo: nessa faixa estreita que afina a freqüência entre transmissor e receptor, quando devidamente sincronizados, o resultado é a manutenção de um único canal lógico, certo? Um único canal lógico. Lógico? Onde a lógica disso, Fulano?
Olhe bem aí para o seu monitor. O que você vê? Eu vejo o seu rosto colorido, pontilhado de infinitos pixels e me custa crer, me custa crer que é tamanha a distância, é um espanto. É difícil ser blasé quando o mundo fica pequeno até caber num www para se espalhar nessa tal de banda larga e, mesmo assim, ainda continuar a ser esse mundão grande de meu Deus. Antes, digital tinha o tamanho das pontas dos dedos; hoje, Fulano, os dedos não cabem mais nas nossas mãos, os dedos criaram olhos e pés que se emaranham alucinados por entre os zeros e uns dessa selva binária. Agora me diga, Fulano, o mundo ficou maior ou menor?
Olhe bem aí para o seu monitor, Fulano. Você me vê? A resposta é: não. O que você vê é uma projeção espectral que alguém inventou para a gente acreditar que não está tão só. O que você vê não respira e não tem cheiro, não sonha e não dá risada. O que você vê, Fulano, o que você lê, são os meus pensamentos convertidos na estática frieza desses signos gráficos, um pobre esboço de mim aí nesse quadradinho no canto da sua tela – por maior e melhor que seja a sua resolução. Os meus olhos são cristal líquido distinto do LCD. Portanto, Fulano, me dê licença de fechar essa janelinha em plano americano e de desconectar essa falta que nos faz um pouco menos de tecnologia, e venha cá me ver – em carne, osso e algo mais. Porque eu não consigo raciocinar em bits e bytes, e o meu coração ainda faz tum-tá.
Outubro de 2008.
Texto antigo, contexto novo,
desconectado para experiências virtuais.
Texto antigo, contexto novo,
desconectado para experiências virtuais.
50 comentários:
A parte que eu mais gostei foi essa: "Texto antigo, contexto novo,
desconectado para experiências virtuais."
E viva a vida!! :))
beijos, moleca!
Bom, querida, sentir o Tum-tá assim, nada melhor que imerso num abraço pra lá de largo e aconchegante, aninhado até os ossos. E por falar em ossos, esses do ofício de ficar sem fazer nada tira-nos mesmo essa essência em carne quente.
Flavita, beijos em ti. Daqui de onde estou mesmo, num céu acinzentado de Sampa em final de tarde de outono quase quente com a chegada de uma noite quase fria.
Feliz páscoa de renovação para ti.
Ah, antes que eu me esqueça, um abraço largo também.
Pode ser fulano, beltrano ou ciclano.
Mas a história há de acontecer.
Beijo FB
É isso que a gente sempre tentou dizer... De certo modo vc realizou né?
Oi, adorei seu blog. Gostei demais desse texto. A internet tem o poder de aproximar quem está longe e distanciar quem está perto, já que até o telefone deixou de ser o principal meio de comunicação.
Pois é. Amor a era digital não serve. Amor, para mim, tem que ter gosto, cheiro e FRASES.
Adorei!
Beijo, bonita.
Ps: meu coração faz tumtumtum. :)
Teu texto é lindo.
Muita ilusão acreditar que a internet aproxima.
Eu nunca pensei dessa forma.
Ela diminui um pouco a dor da saudade, mas necessidade de contato... Esse só com um abraço e um beijo mesmo...
Beijo na testa, Flávia!
Flavinha, essa sua crônica está ainda mais atual seis meses depois. E, se vale pra você, tenha certeza de que atualmente vale também para milhões de eternos conectados. A vida real urge, e as excessivas conexões tecnológicas, muitas vezes, têm-na atrapalhado bastante. Sua escolha foi certeira. Parabéns. Beijo!
Porque é bem assim... pro virtual ser bom, tem que ser concretizado no real, toque, cheiro, mão, boca, nuca...
Bjm Favitcha
A parte que eu mais gostei foi essa: "Texto antigo, contexto novo,
desconectado para experiências virtuais."
E viva a vida!! :))
IDEM!!!!
bjs
kkkkkk eu adorei o "libertinagem de expressão" é prejudicial à saúde. Bem, vim aqui comentar não só sua postagem mais tbm o seu blog e seu talento para a escrita. Nossa, as palavras soam num tom agradavel e é uma delícia ler assim. Sou uma amante da leitura e escrevo tbm. Tô escrevendo uma estória que já tem 10 capítulos falta o último que é o 11, mas quero terminar no 12. Rsrsrsr '
Um abraço giirl! xD
MI, IÁ,
A que eu mais gostei também. Viva!
MÁRCIO,
Tum-tá com tum-tá retribuído, peito com peito, é infinitamente mais gostoso. Feliz Páscoa pra você também, querido!
PRD,
Ui, será?
MCP,
É?
MÔNICA,
Definição exata essa sua. Bem vinda!
BRUNO,
Brigadão, querido, bem vindo por aqui!
NAT,
Eu já pensei, mas não sou parãmetro - afinal, para me convencer de que não podia voar, tive de me esborrachar no chão depois de me atirar de cima de uma estante, né? Mas hoje fico com as coisas mais palpáveis...
TAINÁ,
Amor pixelizado é meio bizarro, né?
ALTA,
Achei que valia a pena repostar, até porque ela foi escrita para outro site e nunca tinha aparecido por aqui, só ultimamente que me dei conta disso! Parece que que esse era mesmo o melhor momento dela ;)
ALINE,
às vezes se concretiza só pra afirmar que era mesmo virtual, você já percebeu?
GERALDO,
Ah, o conteúdo integral dessa postagem é uma looonga história, não queira entender! Quanto a dar uma espiadinha, a casa é sua, mesmo - entre sem bater sempre que quiser, será um prazer!
NANDA,
Uau, uma escritora por aqui? Bem vinda! Faça deste espaço seu também, é sempre um prazer compartilhar idéias com amantes das letras!
Beijões a todos e excelente feriado!
Dizem que omundo ficou pequeno. Mas na verdade ele ficou mais distante ;)
Olá!
FELIZ PÁSCOA!
Que Deus abençoe você e sua família!
Grande beijo.
vim deixar um olhar. Dois.
em carne, osso e algo mais.
A Net nos aproxima (mesmo eu estando em Mangoesville e vc quase do outro lado do pais), e o Bruno não sou eu... uhauhaua, encgraçado foi que teve uma época que eu pensei que ele tb era fake, mas desde que o vi numa foto com uma amiga eu engoli a minha lingua. Beijooos de cupuaçu
Desconecta mesmo Flor! Sua sensibilidade é real demais... nenhum pixel conseguiria "imprimir"...
Kisses
Maior pode ser um sinônimo de menor, ou menor um sinônimo de maior... Eles estão sempre lado a lado, é difícil apontar para um sem olhar para o outro!
Amore mio,
Yes!
VIDA LOUCA VIDA!
VIDA IMENSA!!!!
Coisa Linda te ler assim.
Boa Páscoa para ti.
Bom Domingo de Páscoa junto de quem amas e que TE AME MUITO!! MUITO!!!
Renovação são os 365 dias, né?
Carinho,
Mai
os contextos mudam, mas e o Rio? ele continua lindo.
há.
Beijas
a parte que eu mais gostei ainda não chegou ... por pouco, mas ainda não ... rssss
Sarava!
Adorei...Tum-tá!
beijinhos com amendoas
Me assusto com a tecnologia e tenho medo de onde vamos parar... MAs, no fundo, são sempre as coisas do passado que continuam me deixando com as pernas bambas. Como, por exemplo, um 1º encontro.
Uau!!
Que texto, ein?
Parabéns!!
ao vivo e a cores sempre é melhor.
belo mais uma vez.
sorte e luz.
Flor?
Meu coração também faz Tá-tum, ou Tum-tá. Maso importante é que bate, e nada tem de porta USB pra entrar o mundo somente digital nele.
Sim, eu gosto da internet e ela faz parte do meu dia-a-dia. Mas minha vida é mais que ela.
Mesmo tendo grandes amigos, e a amizade não importa como se inicia, o que importa de verdade é como se mantém, o mundo digital ainda não pode sobrepor-se a realidade. Sentida!!
Beijos, querida!
Linda Pascoa atrasada pra ti!
Nenhuma ferramenta digital para aproximar pessoas nunca será tão útil quanto a proximidade de dois corpos e o calor de um abraço.
A realidade sentida continuará sendo melhor, mais humana e verdadeira!
Lembro de uma música do Jota Quest que fala algo parecido, e se chama Telefone:
"Pra que tanto telefonema se o homem inventou o avião
Pra você chegar mais rápido ao meu coração
Não alimento amor por telefone, isso é ilusão
Não adianta falar de amor ao telefone, isso é ilusão
A fome de amar é real, não se traduz em fios
Meu ouvido não ama, apenas ouve os seus reclames
Vou desligar, não me ligue mais
A obrigação da tua voz é estar aqui
Vou desligar, não me ligue mais
A obrigação da tua voz é estar aqui..."
Grande beijo
Sinto-me assim a propósito desse mundo virtual...e essa virtualidade, às vezes me incuca tanto...e às vezes também embrenho-me na cômoda virtualidade...e o mundo está se tornando maior? Cada vez maior talvez na expectativa do encontro, mesmo que se vista do espectro virtual; esse virtual que se insinua, ilude e escapa perto longe...
Beijo Flávia
Me vi nesse mundo digital. Quanto de nós mesmos pode ser exposto ou escondido atrás dos bits? Revelar-se é melhor do jeito olho-no-olho, o que não é muito meu dom. Medo de mim mesmo, talvez... Desejo o abraço que não posso te dar por aqui, digitalmente, e não posso dizê-lo também, porque não chegaria perto da magnitude e do significado concebido no coração. Saudades. Primo.
Concordo amore!
Mas, quantas vezes um colar de tum-ta, não precisou atravessar milhões desses bites ou bytes pra se sentir de verdade?
As histórias acontecem pelo mundo, pelas esquinas, pelos www...
Mas nada, nada, substitui o calor de de um corpo quente, pelo de uma CPU fervendo! rsrs
Beijos em tua alma!
As coisas sempre se repetem. Bjus.
http://contesta-acao.blogspot.com
Quanto mais te leio, mais quero te ler, hehehe. Escorre mel até pelas engrenagens e fios de cada centimetro do meu computador, você ultrapassa essa tal de tecnologia, e eu me sinta mais leve, tão leve.
;)
Beijao flavinha!!
Flavita, minha linda,
Se um dia tu resolver escrever um livro, me avisa, porque eu quero ser a primeira a comprar, tá bom? rsss
ADOREI o texto...como sempre!
Besitos!
Lí
Olá, Flávia!
Sou leitora do seu blog há um tempo... e achei-o digno de receber o selo "Prêmio Dardos". ^^
Minha indicação para ti está publicada em meu blog http://mosaicoprosaico.blogspot.com/2009/04/premio-dardos_12.html
Beijo!
Ah Flavinha, quanta saudade estava daqui. Cara feia eu faço pro espelho por abandonar um tanto de coisa querida pra mim. Mas tô voltando. Fazendo as pases com espelho e tirando a cara feia do rosto. ;)
E te contar que eu já gostei mais da internet. Era novidade na minha adolescência e eu achava o máximo. Hoje em dia, tenho gosto particular. Ainda guardo um sabor bom de sentir sobre essa "vida virtual", mas passei a gostar ainda mais do "tum-tá", do que eu posso pegar-abraçar-apertar! O bom é quando a gente encontra alguns outros "tum-tá's" por aqui, que viram pra sempre na vida. ô coisa boa de ser. ;)
Beeeeijos!
Contraditório. Um mundo revolucionário em buscas de informações mais precisas e agéis, entretanto, o que no fundo só queremos é um bom abraço aninhado ao seu, o ouvir da respiração ofegante, as batidas do coração acelerado, sentir o cheiro no cangote; a facilidade não desconecta a essência.
Belo texto, minha conexão já tinha captado este http://(sabe-de-uma-coisa).blogspot.com, só não tive o atrevimento para comentar, rs. Mas, enfim, bebi um gole de vinho e comentei!
Bjos ú&e (adaptado do comentário de lá)
Amores virtuais...
Quanto tempo nao te vejo, minha mpedica preferida.
Impressão minha ou tu tá escrevendo cada vez mais parecido comigo? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Beijo, twin.
E a cada dia escrevendo mais bonito.
Por isso uso o blog como uma forma de escape... onde eu posso desabafar sem ninguém ver minha cara de choro... e por mais que bits e bytes não me dê colo, tem sempre uma pessoinha que lembra de mim... aqui em carne e osso.
Bjos!!
veja bem, sei bem o que é esse impulso. essa vontade de alguém. tão distante. que a gente não sabe mais se o mundo ficar pequeno é tão bom assim, afinal o tempo e o espaço acabam ficando maior. E como é díficil, eu que o diga!!!
Beijos bonita, e boas histórias nesse contexto novo...
Parece um tipo de telefone-sem-fio a vida. Estranho as vezes. Tum-tá...
Contexto mais que contemporâneo, perfeito.
Adorei sua construção do texto, segura, instiga, coloca dedos em feridas, abre uma brecha na fechadura da cabeça pra deixar um pouco de ar fresco e reflexão sobre, não o mundo em si, mas nosso próprio comportamento, que é o mundo em si, por si só.
Lindo, adorei.
Saudade de vir aqui. Adorei voltar.
Bjão.
E nesses bites encontrei você. Moça que faz pensar...das entrelinhas...
Já falei pra Jana que quero conhecer vocês no lançamento do livro, hein?
Bjos
OI Flávia ...to encantada com seu texo ...e como é bom deixar de pensar virtualmente e sentir ..se permitir sentir ...
A ultima vez que me ermiti ...fui extremamente feliz ...
Beijos
Rosa Canela
Se demorar muito para comentar - como estou fazendo agora - outros chegam antes e comentam exatamente o que penso quando leio seus textos. Aí parece que eu fico copiando comentários de outros leitores seus... Chato isso. :P
Interessante é o mesmo texto cair em contextos diferentes e fazer o maior dos sentidos. Será que você o postará novamente??? ;)
Puta texto legal rs ..
mas no final vc disse que ele era antigo... eu num gosto de coisas velhas gosto de wireless.. pixels.. etc ec uhahuaa
Voltei ao começo de tudo (2009, que ano incrível!) pra te contar uma coisa: acho que descobri o que é um blog. Um blog é uma igreja. Passa lá. é o mesmo, mas repaginado.
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