Cansei de me esconder no topo da vida. Às vezes eu preciso mesmo de um pouco de sombra, dessa umidade reluzente que protege os meus braços do calor imposto pelo desejo de abraçar o mundo como se abraça um ente querido às vésperas de partir. Com amor. Com fúria. Com a saudade antecipada e incontida de quem não compreende paciência. Com a patética falta de jeito de quem necessita urgentemente e a todo instante se sentir arrebatado pelo próprio coração e há de ser hoje, há de ser agora. Às vezes eu preciso submergir. Eu preciso me esgotar. Eu preciso despencar em queda livre e cair com o peito desprotegido e arrebentar as mãos abertas contra as minhas feridas e ficar ali, exausta, até parar de respirar e então perceber num fôlego só que eu estou viva e que aquela dor mesquinha não é nada, é só mais uma dor mesquinha e inútil que, mais hora menos hora, irá se revolver sozinha na sua pobre e mesquinha e inútil condição de dor. Às vezes eu preciso daquela coisa de puxar o gatilho e disparar cautela contra a minha própria metralhadora giratória, e de ficar calada para ouvir o estampido que finalmente me convencerá de que aquilo que me tolhe definitivamente morreu. E, às vezes, eu preciso apenas ficar quieta, muito quieta, numa quase imobilidade absoluta, e nessa quase imobilidade absoluta sentir que as existências todas vibram frenéticas dentro de mim e me transbordam e não me cabem e estão ali, explodindo nos meus olhos: eles brilham.
23 comentários:
Show!
Sempre.
Não.
Mudei de ideia.
Show não.
FODA!
Sempre.
(melhorou)
Como uma gravidez de si própria...
Como sempre, as palavras são suas aliadas, Flávia.
Bjos
Como uma gravidez de si própria...
Como sempre, as palavras são suas aliadas, Flávia.
Bjos
E eu, às vezes, preciso disso também.
Beijo.
um brilho cintilante que dispara certezas.. o mundo está mesmo dentro de ti
:*
É,eu preciso disso tbm.
De viver tudo,mesmo q esse tudo vá doer.Isso pra que depois o tudo passe.
Adorei o título!
Inclusive, será a trilha da manhã:
Pain of Salvation :D
Temos que manter os olhos brilhando, sempre!
Bjs!
Querida, deixei um presente p/ vc lá no blog!
;)
E não é assim mesmo? Momentos de paixao e exaltação, momentos de retirada e calmaria, solidão e reflexão, pra q os olhos voltem e continuem sempre a brilhar.
Aliás, preciso ir aí te visitar hora dessa, antes q tu resolva se mudar novamente...rs.
Lindíssimas palavras, mana, como sempre!!!
Bjosss
estou precisando desesperadamente de um agito!
tá difícil ficar an ent, visitar os blogs... saudades de teus textos! beijos mil!!!
As vezes eu me sinto assim tambem, como uma borboleta precisando sair de um casulo de ferro. Mas as vezes com as asas machucadas dá vontade de coltar pro casulo. Mas a liberdade e o desejo de voar fala mais alto.
Parabéns, amei o texto!
é que às vezes a gente só precisa de nós mesmos né?!
beijo bonita!
Me reconheci nos teus disparates, e achei linda tua forma de dançar com as palavras. Bjs e muito prazer ;*
Passando para deixar o novo endereço do meu blog: www.pensoegrito.blogspot.com
às vezes eu acho que todo mundo precisa disso. E por não fazer é que eu acho que existe muita gente morna...
muito bom...
o problema é que o que nos cabe por vezes faz parte de nós tmb, rsrsrs, é um dilema, rs
bons dias
Ê laia...
Ah que saudades dos teus textos, viu? Fazia tempo que não passava por aqui. Felizmente, deu pra ver que vc continua a mesma craque de sempre com as palavras.
Lindo, Flávia!
Saudades...
Beijos!
Densa, sempre muito densa ... não importa quanto tempo passe, sempre muito densa ...
Olá,td bem?
Saudades!
Como sempre, escrevendo maravilhosamente bem.
Tem selinho pra vc lá no meu blog.
Bjs!
Olá Flavia!!
Excelente o seu blog!! Gostei muito!! Você sabe usar muito bem as palavras. E isto é um dom. Parabéns!! Acaba de ganhar mais uma leitora e tb seguidora.
Dá uma passadinha no meu blog mais tarde..
Bjs*
Eu já não sou acostumada ao extremo.
Tenho "medo da sensação de "quaaaaaase", apesar da vontade de experimentá-la.
Beijos Flavita!
(:
Muito bom!
Postar um comentário