sexta-feira, 25 de abril de 2008

Intermezzo Noturno

Era noite alta e eu ainda estava ali, sentada diante do computador, fitando pateticamente o documento em branco no qual eu havia escrito e deletado, incontáveis vezes, dezenas de inutilidades literárias. Depois de ouvir o repertório inteiro de Aretha Franklin, eu já praticamente mergulhava, de cabeça, no desespero de um escritor que simplesmente não sabe o que escrever… Meu vazio mental, invariavelmente, me leva sempre no mesmo rumo: uma xícara transbordante e quente de café. Diante desse pensamento convidativo e da minha momentânea incompetência criativa, me espreguicei languidamente como um felino e tomei o rumo da copa – já que a cabeça se recusava a funcionar, o paladar, ao menos, sairia no lucro.

Eu disse sair no lucro? Engano: para minha surpresa e indignação, não havia sequer um mísero pote de capuccino vagando pelo meu reino. Lembrei-me da loja de conveniência anexa ao posto de gasolina localizado em frente ao prédio onde moro; paciência, era sair no meio da madrugada para satisfazer minha vontade sobrenatural – afinal, não há empecilhos para deter um convicto apreciador de cafeína. Enfie-me na minha batida calça de moletom, tão cinza quanto o céu de uma cidade grande na hora do rush, arrumei os cabelos em um coque preguiçoso, enfiei uns trocados no bolso – o suficiente para comprar o que desejava, pois não pretendia ser chamariz para os gatunos notívagos – e parti em busca do meu tesouro. O frio da noite entorpecia meu corpo e aquecia ainda mais a vontade de uma bebida fumegante; apressei os passos e, quando já tocava a porta de vidro da loja, ouvi aquela voz.

- Dá uma moeda, tia.


Essa história continua aqui, em Novas Visões. Espero vcs! :)))

Bom fim de semana pra todo mundo!

Beijo, beijo, beijo.

29 comentários:

janao disse...

Ahhhhhh! Para! Logo eu curiosa que só o cão, venho justo no dia que a história tem "to be continued..." HUNF!

hehehe!! Brincadeiras a parte, muito fofo seu blog, vou acompahá-lo ms vezes!!

;)

Oliver Pickwick disse...

Protesto, meritíssimo! Solicito que o nobre colega retire o termo "pateticamente"... ops, pensei que estivesse num tribunal, e pior, que era um advogado. Vade retro!
O café, para mim, é o mesmo que a mescalina (semente de peiote) era para o Carlos Castanheda. E, pelo visto, para você também.
Também sou um cafezista militante.
Tia? Com esses lábios? Protesto, meritíssimo... ó, não, começar tudo de novo...
"To be continued". Esse negócio é comigo mesmo.
Um beijo!

P.S.: Agora vou contratar um guia nativo; arranjar umas quatro mulas; uma espingarda, sal e pólvora, e rumar lá pras bandas da Annezinha. Que raio de buraco esta garota achou de se enfiar, hein?

Flávia disse...

JANAO,

Rsrs... pois é, moça! Mas assim, "to be continued" só no dia 25 de cada mês - meu dia de bater ponto no Novas Visões. Deixo aqui o convite para que vc dê uma espiadinha lá também! Vai ser um prazer encontrar vc mais vezes aqui - assim como será um prazer visitar vc também. Teu blog é dez. Beijoca!

OLIVER,

"To be continued". Com quem será que eu aprendi, hein? Rsrs... E rapaz, cadezista militante é pouco pra mim. Sou uma xícara de café ambulante. Nada nesse mundo me é tão fascinante quanto uma xícara de café quentinho... E Annezinha, bem, rsrs... esse é um dos motivos pelos quais o blog dela se chama Chá de Sumiço, hehehe... sempre bom demais ver vc aqui! Beijo!

Menina da Imprensa disse...

Baaaaaum dimaaaaaaiz :o) Já bati o ponto lá... agora aqui...
Smacks

Aline Ribeiro disse...

então xá ir lá né? rs...

bjm

Auíri Au disse...

Espero pelos outros capitulos...

beijos

Anônimo disse...

(repetindo o que acabei de postar no novasvisoes.com)

Ótima história... conseguiu contar da caridade que fez sem parecer "boa samaritana" ou demonstrar aquele clichê de "indignação-que-mascara-hipocrisia-profunda".
Parabéns, além de ser uma ótima escritóravejo que tens também uma visão privilegiada das coisas que acontecem por aí...

Abraço!

Anônimo disse...

Eiii tia, tem um trocado aí??!!
owww tia, larga mão de ser pão dura!!!!...rsrsrsrs

Histórias assim acontecem direto... E diante de tanta violência por tão pouco, o andar mais rápido-apressado virou comum. A responsabilidade não é apenas do governo, é da sociedade também. Se cada um, REALMENTE, fizer algo em prol, as coisas começam a mudar. E por favor, não me fal em "criança esperança".... Esse tipo de coisa é o famoso "muito barulho por nada" onde os caches de convidados são bem gordos e pouca coisa eles doam de fato. Fora que muito do arrecadado é usado pela fundação RM para outros fins...

Da próxima vez, tia...sai com mais dindin no bolso e compra o capuccino!

Beijos, Edu.

Ciça. disse...

Que bonito isso... Eu também não resisto quando me falam que estão com fome...


:*

A que está escrita. disse...

Ai, Flávia, vou correndo lá ver o que aconteceu.
Ô intermezzo bom...

Antonio Ximenes disse...

**(Fui no outro blogue e li o texto todo)**

Flavinha.

Você conseguiu transcrever um fato que poderia acontecer com qualquer um... mas nem todo mundo consegue descrever de forma tão precisa.

Todas as pessoas ao nosso redor possuem um universo... uma biografia... um conjunto de experiências... ansiosas para encontrar um "bom ouvido".

Pessoas idosas que sentam ao nosso lado no ônibus... gente solitária em bancos de praça.

Como essa criança... esperando por alguém... como se quisessem comprovar a própria existência.

Vou dizer o óbvio: "Belíssimo texto"

Abração carinhoso procê.

Anne disse...

Lindinha do meu coração, acho que já li isso em algum lugar, não?? rsrsrs. Eu adorei esse texto, vc descreve mto bem uma situação que é tão fácil acontecer...

Gostaria de ver esse tipo de coisa mudar nesse país, mas como não posso mudar o mundo, tento e faço a minha parte. É pouco, mas já é algo.

Bjos, menina linda que eu amo de montão. Aliás, dedinhos cruzados aqui...rs. Amoooooo

Le disse...

Fiquei curiosa!! Volto para conferir o resto da historia!
Beijos

Anônimo disse...

Flavinha... meu anjo, mi vi exatamente nessa cena...muito real e verdadeira....

Um beijao enorme!

c disse...

Sou viciada em café, mas não saio no meio da madrugada pra comprar não...rs

Bem, agora vou lá ler o resto.

beijos

Marcelo disse...

Não vivo sem café, putz...
Fico com sono, desanimado, um vício terrível.
Mas não bebo essa coisa à noite never.
Senão não durmo jamais.
Bora ler o resto, vou só pegar uma xícara de café e já volto.

Smack!!!

Sonia Regly disse...

Seus textos são muito bons, voltarei outras vezes para ler mais.Vim convidá-la para conhecer o Compartilhando as Letras, sua visita muito me honrará.
www.compartilhandoasletras.blogspot.com

Mila Cardozo disse...

Hum... mana vagando na noite atras de café... Se culpando por não escrever... Assumindo o dom publicamente... como uma missão... e com o onus de vagar pelo deserto da criatividade em busca de um oasis de inspiração... é maninha... quanta coisa mudou por aqui...
Beijos Mila

˙·٠•● ѕεறிoτιvo ◦ disse...

Linda histótria!! linda mesmo
É o que acontece no nosso dia-a-dia, mas nos faz pensar tanto...tanto

O texto me prendeu do início ao fim! Incrível!

Grande beijo
Ray

Kari disse...

Claro que eu não iria ficar sem saber o que aconteceu... Já fui no blog e li esse texto tão sensível e tão instigante...

"Engraçado" como alguns pequenos fatos mudam a nossa vida e nosso pensamentos, não é mesmo???

Andei sumida, mas já voltei!
Beijão

O Sibarita disse...

Oi dona Balzaquiana, e é fia? kkkkkk

Ai Deus do céu! Essa dona moça não é brincadeira não! kkk

Foi, é? -Dá uma moeda, tia. Xiiiiiii kkkkkkkk Isso dá uma dor no coração retada, valha-me Deus! kkkk

Hummm... é ai que percebemos a idade... kkkkkkkkk Vai, me diz, se não é? kkk Perdeu a vontade de comprar o capuccino na hora, não foi não? kkkkk

Agora, olhando de outro ângulo, veja como Deus é bondoso, você estava sem inspiração e faltou o seu capuccino, você sai para comprar e o que acontece? Percebeu fia? kkk Vem alguém que lhe chama de tia (kkk) e pede uma moeda, olha ai a fonte da sua inspiração é ou não é? O fruto? É o seu belo texto!

Pronto esse caso preencheu o seu vazio mental momentâneo... kkkk

Então, foi um teste também, não? Você querendo tomar capuccino, vestiu o moleton, arrumou o cabelo e desceu, lá em baixo no frio, alguém, com fome é colocado no seu caminho... E a sua bondade, como ficou? Atuou? Ai Jesus! kkkk

Sua menina, você diz dos gatunos notívagos, bom, agora temos os pedintes notívagos! kkkk

Obrigado pelas palavras no Sibarita, volte sempre... Ah que bom que já esteve em Salvador, espero que retone sempre! Como vc mesma diz é uma meia baiana e por que não?

Tá rebocado, piripicado se não for! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

bjs
O Sibarita

Natália Mylonas disse...

Adoreii a historia .
Dps eu leio o resto...

Bjus =)

Samantha Abreu disse...

adorei!


ps: e obrigada!


beijos!

Clóvis Struchel disse...

Bela supresa te encontrar lá no "Poesias Crônicas", seus textos são deveras plausíveis, palpáveis, narrando um cotidiano clareza evidente, contemporânea, poetizando o cinza e refazendo as sutilezas de um pormenor maior ainda.

Gostei bastante daqui.
Beijos.

C. disse...

vixe, que lugar bom esse teu. vicia, visse?
menina, deu até uma vontade de café...
=**
xêro

Sunflower disse...

uma vez fui boba o suiciente para dar um pacote de biscoito recheados, vc precisava ver a comoção que causei.

beijocas linda.

Edna Federico disse...

Danadinha...riso...vou lá ver.
Beijo

Renata Silva disse...

Adorei a história...
E pensar que o medo (por causa de tanta gente má por aí) faz com que não demos nada a esses meninos.

Beijos

Dani Brito disse...

Rsrs muito bom !! vou acompanhar... mas no melhor "to be continued..." aff !!