quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

13º Andar

Publicado originalmente no
Novas Visões,
em junho de 2008.


Soundtrack: The Doors - The End




Entrou em pânico quando percebeu que ela, de fato, não respirava. A flacidez fria daquele rosto pequeno, de traços levemente orientais, subitamente assumira uma assustadora lividez, anúncio de uma realidade tão inesperada quanto irremediável. Morta. Sentiu o sangue congelando de imediato nas veias ao contato daquele corpo inerte, o coração prestes a se despedaçar tão descompassado se havia tornado. Adormecera bêbado ao lado de uma desconhecida no quarto mofento de um hotel vagabundo e acordava desagradavelmente sóbrio, nu, dividindo a cama com um cadáver – circunstância que o nauseava, embora não conseguisse se afastar dali nem desviar os olhos da mulher. Que teria acontecido? Perplexo, imerso numa desorientação que o mantinha preso ao colchão desarrumado com cheiro de bebida, observou o terrível contraste entre os cabelos escuros e a pele muito clara já vencida pela palidez mórbida da morte, os seios pequenos e rijos repousando sobre o peito imóvel. Morta. Não ouvira gritos, não notara quaisquer indícios de suicídio – ela não parecia mesmo o tipo de mulher disposta a se matar. Sem sinais de violência, sem marcas de qualquer natureza, sem nada. Absolutamente nada. Apenas morta.

Como se chamava mesmo, Virgínia? Vanessa? Valéria? Bianca? Nem guardara o nome, não o ouvira mais de uma vez desde que se haviam encontrado naquela boatezinha chinfrim de periferia. Ela era bonita, parecia uma índia de pele branca, o corpo apertado num vestido transpirando vulgaridade e luxúria, o desejo queimando nos olhos oblíquos semi-ocultos pelos cílios pesados de rímel. Fora dela a sugestão do hotel, fizera o convite em meio a beijos lascivos regados a muito álcool. Abriram a porta do quarto cambaleando, às gargalhadas, ela segurando nas mãos uma garrafa de tequila, ele já demasiadamente tonto, tentando arrancar-lhe o vestido. Beijos, carícias, goles, goles, goles. Depois mais nada, lembrança alguma. Apagara. Esforçava-se para compreender o que teria acontecido, o suor escorrendo pela testa gelada, a respiração ofegante e curta, o olhar acorrentado a um ponto situado entre o coerente e o inverossímil em qualquer lugar no encardido da parede, que teria acontecido? Tudo era confuso, borráceo, esdrúxulo, aquela mulher morta, aquela droga de hotel, aquele embrulho no estômago, mistura de náusea, ressaca e medo, aquele silêncio de tumba violentado pelo som da sua própria respiração, que teria acontecido? O medo maior era de tê-la matado. Tornado-se um assassino. Por que mataria aquela mulher? Matara aquela mulher? Aquela merda de silêncio. Aquela merda de silêncio e de repente trrrrrrim! – chicoteando-lhe os ouvidos, sacudindo-lhe o corpo num pulo, a mão indo parar sobre o seio já semi-enrijecido, ele se assustando com a textura do corpo, nojo, náusea, medo, a bola no estômago irrompendo garganta afora, vou vomitar, banheiro, merda de telefone. Tarde demais, o peito sujo, o colchão sujo. Fétido, tudo fétido, o quarto, ele, ela, a situação, tudo fétido, tudo sujo. Tudo demasiadamente sujo.

Banheiro. A água escorrendo pelo corpo, gelada como aquele cadáver. Tão gelada. Merda de telefone, quem teria ligado, alguém procurando por ela? Depois perguntaria à recepcionista. Tentou relaxar um pouco durante o banho, era boa aquela sensação dolorosa de frio – estava tão entorpecido que precisava sentir alguma coisa. A água escorrendo pelo corpo, o seu. Era bom. Acabou perdendo a noção do tempo absorvido no banho, a sensação já não era de dor, transformara-se em quase redenção. Fechou as torneiras, apanhou a toalha já usada, enxugou lentamente o rosto, a toalha pouco a pouco desnudando os olhos em frente ao espelho, o interior do quarto se esgueirando na sua superfície lisa. E o coração descompassado outra vez, o sangue congelando, o medo, o impossível estampado naquele reflexo – a cama desarrumada, a sujeira, a bagunça, e só. Ela havia desaparecido.

Ela havia desaparecido. O corpo havia desaparecido.

Largou a toalha no chão e, atônito, as pernas trêmulas, verificou a porta do quarto: trancada. A chave permanecia intocada sobre o criado-mudo. Entrar pela janela e carregar um cadáver através dela? Impossível, era o 13º andar. Nada fora mexido; as coisas da morta continuavam espalhadas pelo piso do cômodo. O telefone tocando novamente. Atendeu, do outro lado da linha só o silêncio, desligou, precisava se acalmar, onde afinal teria ido parar aquele maldito corpo? Outro trrrrrrim irritante e fora de hora, atendeu, outro silêncio. Palhaçada. Discou para a recepção.

- Olha, não sei o que está acontecendo aqui. Mas há um engraçadinho testando a minha paciência ao telefone, então não transfira mais chamada nenhuma para o 1303, entendeu?

- Desculpe, senhor, mas não houve nenhum chamado para o 1303.

- Escuta, querida, acabei de atender ao telefone pela terceira vez. Não estou louco.

- Lamento, senhor, realmente não houve nenhum chamado. Se o senhor preferir, podemos...

Desligou com ódio da recepcionista, nem esperou que concluísse a frase. Confuso, apavorado, perdido, a mulher praticamente o chamara de louco, se queixaria ao gerente daquela vagabunda. O corpo. Que acontecera ao corpo? Outra vez, trrrrrrrrim, trrrrrrrrim, muitas vezes, não atenderia, atendeu: uma gargalhada... seria possível? Ele vira, tocara, ela estava morta – mas era ela, conhecia aquela gargalhada... era ela, sim, era ela! Como podia? Sentiu o corpo desfalecer e desabar sobre o chão, a mão direita procurando aflita pelo gancho do telefone que rolara para baixo da cama, precisava falar com ela, balbuciou um “alô” quase inaudível, tarde demais: a chamada fora interrompida. Precisava falar com alguém ou ficaria louco de verdade, discou para a polícia, desistiu, discou para a esposa, desistiu, falaria o quê? Que uma desconhecida com quem havia transado durante a noite e que supostamente fora morta por ele o estava assombrando ao telefone? Agora ouvia passos no corredor, lentos, ritmados, batidas na porta, não abriria, queria sumir, o peito explodindo, a bola no estômago voltando a crescer, o telefone, trrrrrrrrim, o chuveiro ainda aberto, a água escorrendo gelada como aquele cadáver, passos, trrrrrrrrim, toc-toc, passos, trrrrrrrrim, toc-toc, passos, trrrrrrrrim, toc-toc... trrrrrrrrim, toc-toc...

Acordou coberto de suor, ainda sob o impacto do sonho; ao fundo, o som estridente do despertador do telefone celular, gritando numa insistência irrequieta. Maldita tequila. A mulher devia estar no chuveiro, podia ouvir o som das torneiras abertas. Olhou em volta: uma garrafa vazia abandonada num vão entre o criado mudo e o guarda-roupa. Ao lado, a carteira. Sentia as pernas bambeando, a cabeça latejante de uma explosão iminente, o estômago embrulhado, um torpor horrível. Horrível. Meio tonto, venceu a resistência do próprio corpo e cambaleou até o interruptor; o súbito clarão amarelo turvou-lhe a vista por alguns segundos, as coisas pouco a pouco assumindo formas inteligíveis. A carteira! Atirou-se a ela num ímpeto, abriu: vazia. A mulher limpara até as moedas. Ela provavelmente pusera a droga na bebida, apagou depois de engolir aquela coisa. Procurou-a no banheiro, em vão – havia desaparecido, àquela hora já estaria longe.

Respirou fundo e, enquanto recolhia seus pertences espalhados pelo quarto, pensava na melhor desculpa que poderia inventar para a esposa e para o gerente daquela espelunca – pagar a conta do hotel era impensável, não tinha dinheiro nem ao menos para tomar um ônibus. Acabou desistindo de registrar queixa na delegacia: seria uma dor de cabeça a mais e ainda teria de agüentar as piadas por ter sido enganado daquela maneira ridícula. Faria daquele subúrbio um lugar de peregrinação, um dia a encontraria pelas ruas. Aí sim, acertariam as contas. Do seu jeito. Lançou um último olhar para o interior do cômodo, a mão direita segurando a maçaneta da porta entreaberta; alguns segundos mais e, após girar a chave, caminhou alguns passos, tomou o elevador e desceu. Ainda acertariam as contas.

Vaca.


32 comentários:

C. disse...

tu repostou, amore?
tenho a impressão de que já li isso aqui...
=**
saudade.

Nadezhda disse...

Eu achei memso que ela tinah morrido.
(Não se é possível enlouquecer dormindo, mas se fosse, esse cara quase enlouqueceria).

;)

bete disse...

muito bom flá.
adoro esses finais inesperados.
bj

Chantinon disse...

Twin Peaks é demais!!!!
Tenho os CDs das trilhas... do filme e do seriado.
Outra trilha que acho DEMAIS é "The Jackal".
Mas pega a de "Era uma vez na América" que essa é de rasgar o coração :D

Ah.. o melhor filme por interpretação do Brad Pitt é Snatch. Engasguei de tanto rir com o sotaque dele de cigano.

Ceres disse...

Me sinto constrangido em passar por aqui e, novamente, não ler sua postagem...

Geralmente passo pelos blogs de madrugada, aí...

Ainda lerei, juro! ( Acho que, subconsciêntemente tô esperando um post menorziiinho xD )

E essa foto sua não ajuda... É muito bonita, distrai o sujeito. xD

Não consegui implementar o código, não soube onde colocar e tudo... ;/

Mas, valeu! ;D

Beijo!

Flávia disse...

C.,

Aqui eu ainda não tinha postado não, mas acho que te mandei ele quando escrevi, não foi?
Saudade, oxe, nem se fala...

NADEZHDA,

Na verdade era MESMO pra ela ter morrido, mas não consegui encontrar uma boa explicação para o corpo ter desaparecido dali, rs!

IÁ,

Quem não deve gostar muito é essa galera que ainda cai no golpe do boa-noite-cinderela ;)

CHANTINON,

Eu também tenho!! A do seriado, do filme não - ainda. Do Ennio Morricone tenho quase tudo, inclusive a de 'Era Uma Vez na América' (fantástica MESMO) e a de 'Malena' (que nunca canso nem de assistir, nem de ouvir). As trilhas dele são invariavelmente sensacionais, e os filmes de que fazem parte são sempre primorosos... eternos presentes para os apaixonados por cinema e boa música.
E ainda não vi Snatch, mas vou conferir. Se o tal cigano for tão impagável quanto o Jeffrey Goines, o vesguinho de idéias alucinógenas que ele incorporou em 'Twelve Monkeys', o filme deve ser igualmente impagável ;)

CERES,

Ok, eu perdoo porque a desculpa da foto não ajudar foi muito fofa, rs. Amanhã passo aí de novo e te dou o caminho das pedras, ok?

Beijos!

Anônimo disse...

Nosssa :OOOOO
Bem, o teu texto está muito melhor do que as milhares de cenas podres de filmes que eu já vi !
Adoooorei ! Adoro suspense, adoro o nervosismo nas palavras, adoro quando o telefone caí ao chão e não há tempo de dizer "alô"...hahaa

Mudando de assunto,
Pois é, plágio é uma das coisas mais repugnantes que conheço. Roubam-se muito mais do que palavras, roubam-se sentimentos.

E sim, sou a irmãzinha do dito cujo sim :)

beijinhos

Krika disse...

Esse ai foi suspense total.rsrs Bjs linda

Anônimo disse...

Adorei! E, como todo suspense que eu leio, tentando apostar o final!

Perfeito!

Beijinhos, menina!

Filipe Garcia disse...

Flavinha,

eu suspeitei que o final seria do jeito que foi. Imagina! Pelo desenrolar da história só tinha que dar nisso mesmo. Quer golpe melhor? Fingir-se de desacordada, aproveitar que o homem ficou maluco e se apoderar do dinheiro dele. Dá-lhe(!)Valéria, Vanessa ou seja lá qual for o nome dela. Agora, o que me intrigou foi esse telefone. Tava tocando na cabeça dele, né? Se bem que a moça, pra piorar a situação, poderia ter descido na recepção, ligado pro quarto dele - sem ninguém perceber - e dado aquela risada do tipo: "seu trouxa, caiu na minha armadilha!". Não duvido nada. É bem a cara dela! rs.

No mais, você é talento indiscutível, Flavinha. As palavras se casam tão perfeitamente que eu construo cenas e sentimentos com elas. Eu quero (MUITO) ler um livro seu.

Um beijo!

Lúcio Fer disse...

Sombrio... parece um capitulo de mujeres asesinas! Amei

Kari disse...

Quando vi que esse texto tinha sido publicado, pensei logo "eu já li algo com esse título..."!
E quando cheguei aqui, percebi que já havia lido no "novas visões"!

Bom demais. Vale muito a pena ser republicado!!!!

Beijos

Jana Lauxen disse...

Muito bom, Flavinha.
O cara não consegue parar de ler.

E é o que eu sempre digo (pedindo, desde já, perdão pelo palavrão): os homens morrem pelo pau.
Sempre.

Beijocas lindeza
:)

Anônimo disse...

Amnésia. Anonimato.
Sumiço.Sonho.Realidade.
BOA NOITE CINDERELA.

Já tinha lido em junho, agora comento.Espero que ele esqueça a vingança.

Beijo Flávia

Nathália E. disse...

Coitado do cara... Quase enlouqueceu dormindo e ainda ficou sem nada, só com a raiva, quando acordado.

Márcio Ahimsa disse...

Ei Flávia, que beleza de conto é esse, menina? Prende a atenção da gente, uma perfeita ficcionista, narrativa cadenciada, enredo e um suspense estilo filmes noir dos anos 40, com um desfecho, mais ou menos a lá Alan Poe, um conto de primeira categoria. Muito bom, adorei.

Beijos querida.

Luiz Calcagno disse...

E será que o nosso herói preferia um cadáver no quarto do motel? Ou o assombro de um fantasma? Bom, melhor é a esperança de acertar as contas. Mas o que ele faria se a encontrasse? Liga não... Hoje estou cheio de perguntas. Abraço!

Anônimo disse...

obrigada por tudo. perdão pelo que aconteceu. saudade.

Dexter disse...

Puta-que-pariu, menina!!
Agora você viajou mesmo!

Uma situação terrivelmente surreal que depois descamba para uma escrota banalidade.
Adorei!

Beijos do seu leitor e maior admiriador.

Cadinho RoCo disse...

Linda a evolução do tema assumido por seu talento. Há sempre um dia em aberto para o acerto de contas.
Cadinho RoCo

Sunflower disse...

Essas indias de pele clara, são as piores. Por isso elas são as minhas preferidas. E sardentas então? Ui.

Natália Mylonas disse...

Nossa, q tenebroso !!
Mas texto ta espetacular .

Beijoos =)

Flávia disse...

SUN(SHINE), CRIS, MI,

E eu até ando gostando desse negócio de escrever suspense ;)

FILIPE,

Pois é, ele ficou tão louco que até telefone ouviu! E o livro vem por aí, sim. Contos :)

SIEGER,

Sabe que vc me deu uma grande idéia?

KARI, PRD,

Pois é, deu vontade de trazer ele pra cá também... era o único filho desgarrado!

JANA,

Ah, minha filha, tem nada que pedir desculpas não. É isso mesmo. Essa é o tipo de assertiva que não tem como refutar, nem dizer de outro jeito...

NAT,

Ué, quem mandou pensar com a cabeça de baixo?! Eu ainda fui legal com ele... desses eu não tenho o menor dó!

MÁRCIO,

Eu adoro esses filmes noir... vai ver que inconscientemente queria mesmo fazer algo nessa linha. E Poe... esse eu leio desde menininha - e aproveito a deixa para fazer uma recomendação aos vizinhos que curtem suspense e terror: passem lá no blog do Afobório (o link tá no blogroll) pra dar uma lida nos contos do rapaz. Ele manda mais que bem!

CALCAGNO,

Olha, eu não quero nem pensar no que ele faria... mas a moça é esperta, com certeza teria uma boa saída para esse eventual encontro ;)

JAZZ,

Tem e-mail pra vc :)
saudade, a de sempre.

RICARDO,

Viu? Não somos apenas rostinhos bonitos!

CADINHO,

Todo mundo falando do dia do acerto de contas... acho que vou escrever uma continuação tratando disso, sabe?

SUN,

Hahaha, com essas ninguém pode. Ninguém!

NATALINHA,

Nossa, 'tenebroso', que palavra forte, rs!

Beijos!

Thiago disse...

que louco isso Flávia! E eu nem sei o que comentar aqui.. vou reler novamente, porque à medida que fui lendo, me pareceu também que ela estava morta!

Monday disse...

Flah, eu me lembrei de um monte de amigos e um monte de histórias que eles contaram ... rsssss

bons tempos ...

Unknown disse...

Muito lindo o conto, tanto quanto toda a tua página cheia de combinações....

Um beijo.

Luana

Fernando Ramos disse...

CLAP! CLAP! CLAP! CLAP! CLAP!

BRAVO! BRAVÍSSIMO! SOBERBO!

Flavinha, devo dizer, numa boa, que se tinha algum conto teu que achava o melhor, ele acabou de perder o posto. Adorei a descrição da sensação do cara no sonho, sendo paulatinado pela náusea, ressaca, medo, desespero...sem falar da outra, dos passos no corredor, batidas na porta, o bolo no estômago, o telefone. O Cara era são, do contrário, teria pulado do décimo terceiro.

Gostei também de como me deixou instigado, coração abafado e apertado imaginando que diabo era aquilo. E principalmente, achei perfeito não ter desfechado dizendo que era um sonho, ter ido adiante.

Flavinha, tu, sem dúvida, precisa ler o Oficina de Escritores. Como já tem o embasamento daquelas aulinhas do curso, se ler o livro chegará ao ápice! Hehehehe.

Parabéns mais uma vez, Flavinha! Ficou muito bom!

EVD - off-life disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
EVD - off-life disse...

uau...excelente. meu primo passou uma dessa,mas ele levou a mulher para a CASA dele.ela levou o tenis e o celulra dele(que alias estava desempregado...hauahuah)

sempre beba pouco num encontro, ou antes d uma transa.

conselho do médico

evd

EVD - off-life disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tania Capel disse...

fantástico!!

foi de arrepiar!

beijosssssssssss

Anônimo disse...

Simplesmente mais um texto perfeito. Não tenho palavras para comentar sobre este texto. Sua forma de escrever é simplesmente única Flávia.

Beijoss!