domingo, 6 de abril de 2008

Sobre Amores Possíveis

E quem dirá que existe o sempre?
E quem dirá que não existe?

Ao som de Jim Sturgess - All My Loving
(uma das melhores releituras
desse clássico dos FabFour)




Ah, um amor daqueles.

Amor. Daqueles que a gente sente e não sabe o porquê, só sabe que é bom sentir sem tentar entender o motivo ou a dimensão. Daqueles que a gente respira, pelos quais se perde o fôlego, que fazem cada instante parecer o primeiro – com os mesmos arrepios, o mesmo frio na barriga, o mesmo brilho nos olhos, o mesmo sorriso bobo e gratuito estampado no rosto. Amor. Daqueles.

Você liga a tevê, ouve uma música, encosta o carro em frente à banca de revistas, faz um pit stop para um café ou para uma conversa sobre trivialidades, atravessa a rua. E ele está lá. Ele, o tal do amor, insinuado nas entrelinhas, capcioso, pronto para dar o bote. E é folgado, o bandido. Vai chegando, vai entrando, fazendo de casa da mãe Joana o coração distraído que esqueceu a porta aberta – ou qualquer mínima e incauta fresta por onde ele possa escorregar, pois é ladino e conhecedor de todas as manhas de driblar as vigilâncias. Uma vez que esteja dentro, inútil, completamente inútil pedir ou mesmo esperar que vá embora: vai ficando, fazendo festa, estatelando-se ora ruidoso ora silente no peito que escolheu – e este, sem alternativa, acelera, voa, sonha, deseja, arde, sente. Ama.

E de tão intempestivo e inconseqüente, um amor daqueles, às vezes, enfia os pés pelas mãos, e se machuca, e dói, e descobre que, apesar de imenso e nascido para se doar, não há sentindo em ser Amor sozinho. E o peito-lar-de-amor sofre junto. E o fulano-dono-do-peito-lar-de-amor, esse nem se fala, tão desconcertado fica sem saber o que fazer com tudo o que guarda dentro de si e que existe não para ser guardado, mas para vicejar dentro do outro – e nem sempre o outro distrai o próprio coração a fim de deixar o amor entrar e tomar conta. É assim... nem cego, nem surdo, nem estúpido, mas teimoso e alheio aos riscos, amor e dor caminham paralelos vida afora – e é tamanha a proximidade em algumas vielas estreitas que se torna inevitável darem-se as mãos.

E o coração se fecha. E o amor adormece. Algumas vezes, por tanto tempo que o fulano-dono-do-peito-lar-de-amor até esquece do inquilino outrora tão irrequieto, ou crê que ele se mudou, ou mesmo que morreu. O que ninguém se lembra é que amor doído, machucado, precisa dormir para curar as feridas – mas dorme ali, escondidinho em um canto ignorado do coração, e morrer não morre não. Um belo dia acorda, seja sossegado como um céu sem nuvens, seja incontrolável como um furacão – e tamanha a distração de quem o cria morto, que não há reação diante desse despertar inesperado. O amor está lá novamente, inteiro, pulsante, incontrolável e rebelde. Lindo. Pronto para ser vivido – e sentido – outra vez.

E embora ainda tenha nas pontas dos dedos a textura da pele da dor, o amor é assim. Uma vez que nasça e invada um peito, ali permanece mesmo quando não encontra recíproca – e se metamorfoseia, e se recontextualiza, e se redimensiona sempre e sempre, até que encontre quem o mereça, quem o receba sem reservas ou senões. O amor é assim. Nasce para ser amor, e não sabe ser outra coisa.

Ah, um amor daqueles...

30 comentários:

Fláh disse...

Amor desses que eu gosto de vive, e quem disse que não existe, não é?

Van disse...

Querida Twin 'despalavrada'
"AMAI.... AMAI....
QUE TODO O RESTO É NADA!!!!"

Delícia o coração quando ama assim.

Todo amor deveria ser - por direito e sobrevivência - possível. Porque de impossibilidades é que padecemos.

Ai que delícia ver o amor por aqui!!!!
=))))) Love U so, maravilhosa!
Beijucas milllllllssss! hehe

Isaque Viana disse...

Eu lembro desse texto. É um texto lindo.
A parte que mais gosto e que mais emociona é:
"O amor é assim.
Nasce para ser amor, e não sabe ser outra coisa."

Flavim... há momentos com vc que palavras não bastam. Este é um deles.

Beijo enorme.

Nota: eu acabei apresentando a música 'pois é' lá oficina. rs

Aline Ribeiro disse...

Se é amor, deixa vir, arrebentar as portas, trazer com ele um vendaval pra dentro de nós. Desarrumou a casa? Ah... depois a gnt dá uma faxina, fecha pra balança e abre a porta novamente!

bjoooooooooo

Kari disse...

Se existe ou não, é bom. Ah! É bom demais!!!!

E a fulana-dona-do-lar-do-amor, acaba se entregando completamente a um tal fulado. E o melhor é quando o tal fulano também tem um tal amor guardado no peito...

Nada melhor que um amor. Daqueles!!!

Amei moçinha! Amei mesmo!!!!!

Beijão pra tu

Anônimo disse...

Quando nasce para ser um verdadeiro amor, nada segura... asas não podem ser cortadas, caminhos não podem ser bloqueados... ele flui!


bjs

Thaís Velloso disse...

sem comentários pra isso tudo que vc escreveu, simplesmente perfeito! :D

Marcelo disse...

O problema é que nosso coração tem vontade própria. Ele encana com alguém e a gente que se vire para estar e ficar ao lado desse alguém.
Mesmo que esse alguém não nos ame assim...
Complexa essa história de amar.
Começo a entender o medo das pessoas em se entregar ao amor, sabe...
Mas , mesmo sabendo disso, eu jamais tive medo e me jogo de cabeça mesmo.


Beijinhos meus, Fla...=)

Tudo ou nada ... disse...

Falamos sobre o amor, queremos deixá-lo de lado, excluí-lo más nunca conseguimos, estamos sempre sua mercê.
bjos e belo texto

Nathália E. disse...

Nossa, você escreve absurdamente bem.

Quando o amor não encontra a porta aberta ou então alguma frestinha, ele sai arrombando as portas ou as paredes. Rs.
Mas é bom.

Beijo!

Sunflower disse...

então,

fui passar o reveillon toda de vermelho, que nem a pomba gira, pra que meu deus, pra quê?

Dói mas a dor tb é sentimento, o ruim mesmo é ser dormente.

P.S: Se algum dia eu tiver uma filha, vou colocar a tabea periodica como papel de parede do quarto dela. Ah, se não vou.

Mila Cardozo disse...

Eu ando num tempo... em que amor ganhou outra dimensão... ou apenas voltou a ter dimensão que sempre deveria ter tido...
Saudades viu mana!!!!!
Beijos Mila

Ricardo Rayol disse...

amar é doido, doído e um mal necessário

Menina da Imprensa disse...

Suspiros, aplausos e flores pra ti poetisa! Eu lembro desse texto... Até repubicado é lindo... Ô, dedinhos mágicos... Te mandei e-mail pelo msn, qd puder responde please...
Many kisses :o)

MH disse...

É isso ai...coração é terra de ninguém. Tem gente que entra com carinho, limpa os pés, pede licença e cuida de tudo la dentro direitinho.

Tem gente que mete o pe na porta, entra com o pe sujo , faz uma bagunça danada e vai embora sem se preocupar com o estrago que deixou para tras.

benechaves disse...

Oi, Flávia: uma bonita crônica sobre o amor! E o melhor é que você diz tudo, nada nos resta. E ele, o amor, agradece. Lindo quando dois seres se amam, não?

Um beijo de carinho...

Ciça. disse...

O amor entra de qualquer forma, mesmo quando a gente não deixa nenhuma brechinha...


:*

Anne disse...

Ahhhh, o amor!!! Lindo, lindo, lindo, ainda mais descrito com as suas palavras!

Belíssimo post, minha querida...é um tipo desses que um dia eu sei que encontro, por enquanto eu ME amo e amo o meu trabalho...enquanto não vem a tampa da minha panela...rs

Que foooofo esse texto, amei!
Amo vc, manaaaaaa, tudo de bom pra ti! Nos falamos...

Carmim disse...

À medida que fui amadurecendo e conhecendo melhor a mim mesma, e a ser mais compreensiva com os outros, creio que (re)aprendi também algumas coisas sobre o Amor.
Continuo a saber muito pouco e a ter tudo para descobrir, mas penso que manterei viva a minha convicção de que não importam as metamorfoses que o Amor sofre, sentir faz-nos bem, ter capacidade de dar e receber amor, alimenta a nossa alma.

Um beijo.

Renata Silva disse...

Ai, o amor...
O meu anda dormindo, bem quietinho.
Lindo texto.


http://devaneiosinsanidade.blogspot.com/

Marcos Seiter disse...

Guria, saudade de ti!!!!!!!!!!!!!!!

Estou desparecido, mas logo volto. Continuo escrevendo e sem minhas escritas eu não vivo.

Mas um abraço e um beijo pra ti!!!

Com carinho!!!


Marcos Ster

Marcos Seiter disse...

Guria, saudade de ti!!!!!!!!!!!!!!!

Estou desparecido, mas logo volto. Continuo escrevendo e sem minhas escritas eu não vivo.

Mas um abraço e um beijo pra ti!!!

Com carinho!!!


Marcos Ster

Anônimo disse...

oi amor continuo te amando sempre e este amor que doi vai continuar doendo de amor te amo bjs. lucio

Ana Bella Carolina disse...

Adorei seu blog. estou te add aos meus favoritos, sou nova nesse mundo dos blogueiros e sempre que puder estarei aqui.
*
O coraçao e seu bater involuntario.

Grande Beijo

Edu Grabowski disse...

Oh l'amour!!!!

Gostei muito do texto Flavinha!
O amor não morre, não mesmo! Ele adormece. Até quem alguém especial desperte o amor que ficou guardado em algum cantinho, escondido dentro do coração. E aí quando ele desperta, dá um trabalhão pra razão....rs
beijos
Edu.

Antonio Ximenes disse...

Amar é ser ridículo
é fazer besteira
é ser abobalhado
é fantasiar
é delirar

Amar é... amar e pronto.

Abração pra tu.

MH disse...

A gente devia viver um novo amor todo dia.
Por que é tao louca essa coisa de amar, é tnao boa
que é chato que seja so uma, duas ou tres vezes.
Tinha que cer centenas de amores, milhares de amores.
Talvez isso soe estranho diante do pensamento monogamo, cristao, ocidental.
Mas amar é bom demais
...
De repente, o lance é amar e reinventar o amor todos os dias com a mesma pessoa.
é...talvez seja isso...sei la,..

.raphael. disse...

"Amor que não se pede, amor que não se mede..."
é Flá! Ahhh um amor daqueles!

Sempre possíveis não? Mesmo guardado!

Beijos sempre!

|Renata_Emy| disse...

Ai ai...

=(

Heliarly F. Rios disse...

Parabéns pelo novo template! Muito bonito, agora vc pode sucegar.

Beleza agora vc tem um blogblogs, pra acompanhar as visitas... Beijos Flávia.